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— Enxofre — respondeu Langdon logo atrás deles. — Deve haver dois pratinhos em cima da
          mesa. O da direita deve conter sal. E o outro, enxofre.
                 Sem acreditar, Sato se virou para ele.
                 — E como é que o senhor sabe disso?
                 — Porque existem salas exatamente iguais a esta no mundo todo, minha senhora.
                 Um andar acima do segundo subsolo, o agente de segurança do Capitólio Nuñez acompanhava
          o  Arquiteto Warren  Bellamy  pelo  comprido  corredor  que  percorria  toda  a  extensão  do  subsolo  leste.
          Nuñez poderia jurar que havia acabado de ouvir três tiros lá embaixo, abafados e subterrâneos. Não é
          possível.
                 — Alguém abriu a porta do segundo subsolo — disse Bellamy, apertando os olhos e espiando
          mais adiante no corredor até uma porta entreaberta.
                 Mas que noite mais estranha, pensou Nuñez. Ninguém nunca desce lá.
                 — Vou ficar feliz em saber o que está acontecendo — disse ele, estendendo a mão para pegar o
          rádio.
                 — Volte ao seu trabalho — disse Bellamy. — Não preciso de ajuda a partir daqui.
                 Nuñez se remexeu, nervoso.
                 — Tem certeza?
                 Warren Bellamy parou e pôs a mão firme sobre o ombro de Nuñez.
                 — Filho, eu trabalho aqui há 25 anos. Acho que conheço o caminho.


          CAPÍTULO 37

                 Mal’akh  já  vira  alguns  lugares  sinistros  na  vida,  mas  poucos  se  comparavam  ao  mundo
          extraterrestre do Galpão 3. Galpão Molhado. A sala imensa dava a impressão de que um cientista louco
          havia  invadido  um  supermercado  e  preenchido  cada  corredor  e  gôndola  com  jarros  de  todos  os
          formatos  e  tamanhos  contendo  espécimes.  Iluminado  como  um  laboratório  de  fotografia,  o  espaço
          estava banhado por uma névoa vermelha de “luz de segurança” que vinha de baixo das prateleiras e
          subia para clarear os recipientes cheios de álcool etílico. O cheiro hospitalar de conservantes químicos
          era nauseante.
                 — Este galpão abriga mais de 20 mil espécies — disse a moça gordinha. — Peixes, roedores,
          mamíferos, répteis.
                 — Todos mortos, espero — disse Mal’akh, fingindo nervosismo.
                 A moça riu.
                 — Sim, sim. Todos mortinhos da silva. Confesso que passei seis meses trabalhando aqui sem
          ter coragem de entrar neste galpão.
                 Mal’akh podia entender por quê. Para onde quer que olhasse, se deparava com seres mortos
          envasados: salamandras, águas-vivas, ratos, besouros, pássaros e outras coisas que ele era incapaz
          de  identificar.  Como  se essa  coleção  já  não fosse  suficientemente perturbadora,  as tênues  luzes  de
          segurança que protegiam os espécimes fotossensíveis da exposição prolongada à claridade davam ao
          visitante  a  sensação  de  estar  parado  dentro  de  um  gigantesco  aquário,  no  qual  criaturas  sem  vida
          haviam de alguma forma se reunido para espiá-lo das sombras.
                 — Aquilo ali é um celacanto — disse a moça, apontando para um grande recipiente de plexiglas
          contendo o peixe mais  feio que Mal’akh já tinha visto na vida. — Antigamente se pensava que eles
          tivessem sido extintos junto com os dinossauros, mas esse daí foi capturado na África alguns anos atrás
          e doado para o Smithsonian.
                 Que sorte a sua, pensou Mal’akh, mal escutando o que ela dizia. Estava ocupado correndo os
          olhos pelas paredes em busca de câmeras de segurança. Viu apenas uma — apontada para a porta de
          entrada —, o que não era nenhuma surpresa, já que aquela era provavelmente a única forma de se
          entrar ali.
                 — E aqui está o que o senhor queria ver... — disse a moça, conduzindo-o até o tanque gigante
          que  ele  tinha  avistado  pela  janela.  —  Nosso  maior  espécime.  —  Ela  gesticulou  indicando  a  criatura
          abominável,  como  o  apresentador  de  um  programa  de  auditório  exibindo  um  automóvel  novo.  —  A
          Architeuthis.
                 O  tanque  da  lula  parecia  várias  cabines  telefônicas  deitadas  de  lado  e  acopladas  umas  às
          outras. Dentro daquele longo e transparente caixão de plexiglas
                 boiava um vulto repulsivamente pálido e amorfo. Mal’akh baixou os olhos para a cabeça bulbosa,
          parecendo um saco frouxo, e para os olhos do tamanho de bolas de basquete.
                 — Perto dela, seu celacanto é quase bonito.
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