Page 87 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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confinado. Sombras compridas riscaram as paredes de pedra. À medida que a chama ficava mais forte,
uma imagem inesperada se materializava diante deles.
— Olhem! — disse Anderson, apontando.
A luz da vela, eles agora podiam ver uma inscrição desbotada: sete letras maiúsculas rabiscadas
na parede do fundo.
VITRIOL
— Estranha escolha de palavras — disse Sato enquanto a luz da vela formava uma assustadora
silhueta em forma de caveira por cima das letras. Ela se perguntava por que alguém escreveria “vitriol”,
vitríolo em inglês, quando a palavra mais comum era “ácido sulfúrico”.
— Na verdade, isso é um acrônimo — disse Langdon. — Está escrito na parede do fundo da
maioria das salas iguais a esta. É a abreviação do mantra maçônico de meditação: Visita interiora
terrae, rectificando invenies occultum lapidem.
Sato o encarou, parecendo quase impressionada.
— Ou seja?
— Visite o interior da terra e purificando-se encontrará a pedra oculta.
O olhar de Sato se aguçou.
— A pedra oculta tem alguma relação com uma pirâmide escondida?
Langdon deu de ombros, sem querer incentivar aquela comparação.
— Quem gosta de fantasiar sobre pirâmides escondidas em Washington responderia que
occultum lapidem se refere à pirâmide, sim. Outros diram que se trata de uma alusão à pedra filosofal:
uma substância que os alquimistas acreditavam ser capaz de proporcionar a vida eterna ou transformar
chumbo em ouro. Outros ainda alegariam que a expressão se relaciona ao Santo dos Santos, uma
câmara de pedra escondida no centro do Grande Templo em Jerusalém. Há quem diga também que é
uma referência cristã aos ensinamentos secretos de São Pedro, a Rocha. Cada tradição esotérica
interpreta “a pedra” do seu próprio jeito, mas invariavelmente a occultum lapidem é uma fonte de poder
e iluminação.
Anderson pigarreou.
— Será possível que Solomon mentiu para esse cara? Talvez ele tenha dito que havia alguma
coisa aqui embaixo... quando, na verdade, não há nada.
Langdon estava pensando mais ou menos a mesma coisa.
Sem aviso, a chama da vela tremeluziu como se houvesse sido agitada por uma corrente de ar.
Enfraqueceu por alguns instantes, recuperando-se em seguida e tornando a brilhar com força.
— Que estranho — disse Anderson. — Espero que ninguém tenha fechado a porta lá em cima.
— Ele deixou a sala rumo à escuridão do corredor. — Olá?
Langdon mal reparou quando ele saiu. Seu olhar havia sido subitamente atraído para a parede
do fundo do cubículo, O que acabou de acontecer?
— O senhor viu isso? — perguntou Sato, também olhando alarmada a parede.
Langdon assentiu, sentindo sua pulsação acelerar. O que eu acabei de ver?
Segundos antes, a parede do fundo parecia ter cintilado, como se atravessada por uma
ondulação de energia.
Anderson voltou para a sala.
— Não há ninguém lá fora. — Quando ele entrou, a parede tornou a cintilar. — Puta merda! —
exclamou, dando um pulo para trás.
Os três passaram um bom tempo mudos, encarando a parede. Langdon sentiu outro calafrio
percorrer seu corpo ao entender o que estavam vendo. Estendeu a mão, hesitante, até as pontas dos
dedos tocarem a superfície dos fundos da sala.
— Não é uma parede — falou.
Anderson e Sato chegaram mais perto, olhando com atenção.
— É uma lona — disse Langdon.
— Mas ela se agitou — disse Sato rapidamente.
Sim, de um jeito muito estranho. Langdon examinou a superfície mais de perto. O polimento da
lona havia refletido a luz da vela de uma forma surpreendente porque acabara de se agitar para fora da
sala... movendo-se para trás, através da parede do fundo.
Com muita delicadeza, Langdon esticou os dedos, empurrando a lona. Espantado, retirou a mão
depressa. Tem uma abertura aqui!
— Afaste isso — ordenou Sato.