Page 91 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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ainda a privacidade de Peter Solomon. E por que, afinal de contas, esse maluco se interessaria por esta
pequena pirâmide?
— Professor, nós temos um problema — declarou a voz de Sato bem alto atrás dele. — Acabei
de receber uma informação nova e já estou farta das suas mentiras.
Langdon se virou e viu a diretora do Escritório de Segurança marchando sala adentro com o
BlackBerry na mão e os olhos faiscando. Espantado, olhou para Anderson em busca de ajuda, mas o
chefe estava montando guarda junto à porta com uma expressão de poucos amigos. Sato parou diante
do professor e enfiou o BlackBerry no seu rosto.
Atarantado, Langdon olhou para a tela, que exibia uma imagem em preto e branco parecida com
um fantasmagórico negativo de filme. A imagem mostrava um emaranhado de objetos, sendo que um
deles brilhava intensamente. Embora estivesse torto e descentralizado, o item mais reluzente era
claramente uma pequena pirâmide pontuda.
Uma pirâmide em miniatura? Langdon olhou para Sato.
— O que é isso?
A pergunta só pareceu aumentar ainda mais a ira da diretora.
— Está fingindo que não sabe?
Langdon perdeu a paciência.
— Não estou fingindo nada! Eu nunca vi isso antes na minha vida!
— Mentira! — disparou Sato, cuja voz soou incisiva no ar úmido. — O senhor passou a noite
inteira carregando isso dentro da bolsa!
— Eu... — Langdon interrompeu a frase no meio. Seus olhos abaixaram lenta- mente até a bolsa
em seu ombro. Ele então tornou a erguê-los para o BlackBerry. Meu Deus... o embrulho. Langdon
examinou a imagem com mais atenção.
Foi aí que viu. Um cubo apagado envolvia a pirâmide. Pasmo, percebeu que estava diante de um raio X
da sua bolsa... e também do misterioso pacote em forma de cubo de Peter. O cubo, na verdade, era
uma caixa contendo uma pequena pirâmide.
Langdon abriu a boca para falar, mas não conseguiu dizer nada. Sentiu o ar lhe escapar dos
pulmões enquanto uma nova revelação se abatia sobre ele.
Simples. Pura. Devastadora.
Meu Deus. Ele tornou a olhar para a pirâmide de pedra incompleta sobre a mesa. Seu topo era
achatado — uma pequena superfície quadrada —, um espaço vazio que aguardava simbolicamente o
arremate... a peça que a faria deixar de ser uma Pirâmide Inacabada, transformando-a numa Pirâmide
Verdadeira.
Langdon então percebeu que a pirâmide minúscula que carregava não era uma pirâmide. É um
cume. Nesse instante, soube por que ele era o único capaz de desvendar os mistérios daquela pirâmide
de pedra.
A última peça está em meu poder.
E ela é de fato... um talismã.
Quando Peter lhe contara que o embrulho continha um talismã, Langdon achou graça. Agora via
que o amigo tinha razão. Aquele pequenino cume era mesmo um talismã, mas não do tipo mágico... de
um tipo bem mais antigo. Muito antes de adquirir conotações de magia, a palavra talismã tinha outro
significado: “completar”. Do grego télesma, que significa “completude”, um talismã é qualquer coisa ou
ideia que completa outra e a torna inteira. O elemento final. Simbolicamente falando, um cume seria o
derradeiro talismã, aquele que transformaria a Pirâmide Inacabada em um símbolo de perfeição total.
Langdon sentiu que uma sinistra combinação de fatores o forçava a aceitar uma verdade muito
estranha: a não ser pelo tamanho, a pirâmide de pedra na Câmara de Reflexões de Peter parecia se
transformar aos poucos em algo que recordava vagamente a Pirâmide Maçônica da lenda.
Pelo brilho que o cume exibia no raio X, Langdon desconfiou que fosse de metal... um metal
muito denso. Não tinha como saber se era ou não de ouro maciço e não estava disposto a permitir que
sua própria mente começasse a lhe pregar peças. Essa pirâmide é pequena demais. O código é fácil
demais de decifrar. E... ela é um mito, pelo amor de Deus!
Sato o observava com atenção.
— Para um homem inteligente, professor, o senhor fez algumas escolhas bem estúpidas hoje à
noite. Mentir para uma diretora de inteligência, por exemplo, e obstruir intencionalmente uma
investigação da CIA.
— Eu posso explicar, se a senhora deixar.
— O senhor vai explicar na sede da CIA. A partir de agora, considere-se preso.
O corpo de Langdon se retesou.
— A senhora não pode estar falando sério.