Page 92 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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—  Mais  sério,  impossível.  Eu  deixei  claro  que  muita  coisa  estava  em  jogo  esta  noite,  mas  o
          senhor  decidiu  não  cooperar.  Sugiro  que  não  se  furte  a  dar  explicações  sobre  a  inscrição  nesta
          pirâmide, porque quando chegarmos à CIA... — ela ergueu o BlackBerry e tirou uma foto em dose dos
          símbolos na pirâmide de pedra —... meus analistas já vão estar bem adiantados.
                 Langdon  abriu  a  boca  para  protestar,  mas  Sato  já  estava  se  virando  para  Anderson,  que
          continuava junto à porta.
                 — Chefe — disse ela—, ponha a pirâmide de pedra na bolsa do professor Langdon e leve-a com
          o senhor. Eu cuido de prendê-lo. Me dê sua arma, por favor.
                 Anderson tinha o semblante duro feito pedra quando entrou na sala, destravando o coldre do
          ombro no caminho. Entregou a arma a Sato, que imediatamente a apontou para o professor.
                 Langdon assistia a tudo aquilo como em um sonho. Isto não pode estar acontecendo.
                 O  chefe  então  se  aproximou  dele  e  retirou  a  bolsa  de  seu  ombro,  levando-a  até  a  mesa  e
          apoiando-a na cadeira. Puxou o zíper para abri-la e, em seguida, apanhou a pesada pirâmide de pedra
          de cima da mesa e guardou-a lá dentro, junto com as anotações de Langdon e o pequeno embrulho.
                 De  repente,  o  barulho  de  algo  se  movendo  ecoou  no  corredor.  O  vulto  de  um  homem  se
          materializou na soleira da porta, precipitando-se para dentro da sala e se aproximando depressa por
          trás de Anderson. O chefe nem percebeu o que estava acontecendo. Em um segundo, o desconhecido
          já  havia  golpeado  suas costas.  Anderson foi jogado  para  a frente  e  sua  cabeça  se  chocou contra  a
          borda do nicho de pedra. Ele se estatelou sobre a mesa, mandando ossos e artefatos pelos ares. A
          ampulheta se estilhaçou no chão. A vela caiu, ainda acesa.
                 Sato se virou em meio à confusão, erguendo a pistola, mas o intruso agarrou um fêmur e o usou
          como arma, atingindo o ombro da diretora. Sato soltou um grito de dor e caiu para trás, largando a
          pistola. O recém-chegado chutou a arma para longe e então se voltou para Langdon. Era um homem
          alto e esguio, um negro elegante que Langdon nunca tinha visto.
                 — Pegue a pirâmide! — ordenou ele. — Venha comigo!


          CAPÍTULO 42

                 O senhor negro que conduzia Langdon pelo labirinto subterrâneo do Capitólio era obviamente
          uma pessoa poderosa. Além de conhecer bem o caminho por todos aqueles corredores secundários e
          câmaras internas, o elegante desconhecido tinha um molho de chaves que parecia destrancar todas as
          portas que impediam sua passagem.
                 Langdon o seguiu, galgando às pressas uma escada desconhecida. Enquanto subiam, sentia a
          correia de couro de sua bolsa cortar-lhe o ombro. A pirâmide de pedra era tão pesada que Langdon
          temia que a alça acabasse se partindo.
                 Os  últimos  minutos  transcorridos  desafiavam  qualquer  lógica,  e  Langdon  se  surpreendeu
          avançando unicamente por instinto. Além de impedir que ele fosse preso por Sato, o desconhecido tinha
          agido de forma arriscada para proteger a misteriosa pirâmide de Peter Solomon. Seja ela o que for.
          Embora sua motivação ainda fosse um mistério, Langdon vislumbrara na mão do homem um cintilar de
          ouro revelador: um anel maçônico com a fênix de duas cabeças e o número 33. Aquele homem e Peter
          Solomon eram mais do que amigos de confiança Eram irmãos maçons do mais alto grau.
                 Langdon seguiu o homem até o alto da escada e entrou em outra passagem, atravessando em
          seguida uma porta sem nada escrito que conduzia a um corredor de serviço. Passaram por caixas de
          material e sacos de lixo, dobrando na direção de uma porta de serviço que os fez adentrar um mundo
          totalmente inesperado — uma espécie de sala de cinema com poltronas acolchoadas. O homem mais
          velho os conduziu até o corredor lateral e através das portas principais rumo a um saguão espaçoso e
          iluminado. Langdon então percebeu que estavam no centro de visitantes pelo qual ele havia entrado
          mais cedo naquela noite.
                 Infelizmente, um agente da polícia do Capitólio também estava ali.
                 Quando  se  viram  frente  a  frente,  os  três  pararam  e  se  entreolharam.  Langdon  reconheceu  o
          rapaz hispânico de horas atrás, quando havia passado pela má quina de raios X.
                 — Agente Nuñez — disse o senhor negro. — Não diga nada. Venha comigo.
                 O segurança pareceu pouco à vontade, mas obedeceu sem questionar.
                 Quem é esse cara?
                 Os três seguiram apressados em direção à ala sudeste do centro de visitantes, chegando a um
          pequeno  hall  e  a  uma  série  de  portas  pesadas  interditadas  por  cones  laranja.  As  portas  estavam
          lacradas com fita adesiva, aparentemente para proteger o local da poeira produzida pelo que quer que
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