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— Mais sério, impossível. Eu deixei claro que muita coisa estava em jogo esta noite, mas o
senhor decidiu não cooperar. Sugiro que não se furte a dar explicações sobre a inscrição nesta
pirâmide, porque quando chegarmos à CIA... — ela ergueu o BlackBerry e tirou uma foto em dose dos
símbolos na pirâmide de pedra —... meus analistas já vão estar bem adiantados.
Langdon abriu a boca para protestar, mas Sato já estava se virando para Anderson, que
continuava junto à porta.
— Chefe — disse ela—, ponha a pirâmide de pedra na bolsa do professor Langdon e leve-a com
o senhor. Eu cuido de prendê-lo. Me dê sua arma, por favor.
Anderson tinha o semblante duro feito pedra quando entrou na sala, destravando o coldre do
ombro no caminho. Entregou a arma a Sato, que imediatamente a apontou para o professor.
Langdon assistia a tudo aquilo como em um sonho. Isto não pode estar acontecendo.
O chefe então se aproximou dele e retirou a bolsa de seu ombro, levando-a até a mesa e
apoiando-a na cadeira. Puxou o zíper para abri-la e, em seguida, apanhou a pesada pirâmide de pedra
de cima da mesa e guardou-a lá dentro, junto com as anotações de Langdon e o pequeno embrulho.
De repente, o barulho de algo se movendo ecoou no corredor. O vulto de um homem se
materializou na soleira da porta, precipitando-se para dentro da sala e se aproximando depressa por
trás de Anderson. O chefe nem percebeu o que estava acontecendo. Em um segundo, o desconhecido
já havia golpeado suas costas. Anderson foi jogado para a frente e sua cabeça se chocou contra a
borda do nicho de pedra. Ele se estatelou sobre a mesa, mandando ossos e artefatos pelos ares. A
ampulheta se estilhaçou no chão. A vela caiu, ainda acesa.
Sato se virou em meio à confusão, erguendo a pistola, mas o intruso agarrou um fêmur e o usou
como arma, atingindo o ombro da diretora. Sato soltou um grito de dor e caiu para trás, largando a
pistola. O recém-chegado chutou a arma para longe e então se voltou para Langdon. Era um homem
alto e esguio, um negro elegante que Langdon nunca tinha visto.
— Pegue a pirâmide! — ordenou ele. — Venha comigo!
CAPÍTULO 42
O senhor negro que conduzia Langdon pelo labirinto subterrâneo do Capitólio era obviamente
uma pessoa poderosa. Além de conhecer bem o caminho por todos aqueles corredores secundários e
câmaras internas, o elegante desconhecido tinha um molho de chaves que parecia destrancar todas as
portas que impediam sua passagem.
Langdon o seguiu, galgando às pressas uma escada desconhecida. Enquanto subiam, sentia a
correia de couro de sua bolsa cortar-lhe o ombro. A pirâmide de pedra era tão pesada que Langdon
temia que a alça acabasse se partindo.
Os últimos minutos transcorridos desafiavam qualquer lógica, e Langdon se surpreendeu
avançando unicamente por instinto. Além de impedir que ele fosse preso por Sato, o desconhecido tinha
agido de forma arriscada para proteger a misteriosa pirâmide de Peter Solomon. Seja ela o que for.
Embora sua motivação ainda fosse um mistério, Langdon vislumbrara na mão do homem um cintilar de
ouro revelador: um anel maçônico com a fênix de duas cabeças e o número 33. Aquele homem e Peter
Solomon eram mais do que amigos de confiança Eram irmãos maçons do mais alto grau.
Langdon seguiu o homem até o alto da escada e entrou em outra passagem, atravessando em
seguida uma porta sem nada escrito que conduzia a um corredor de serviço. Passaram por caixas de
material e sacos de lixo, dobrando na direção de uma porta de serviço que os fez adentrar um mundo
totalmente inesperado — uma espécie de sala de cinema com poltronas acolchoadas. O homem mais
velho os conduziu até o corredor lateral e através das portas principais rumo a um saguão espaçoso e
iluminado. Langdon então percebeu que estavam no centro de visitantes pelo qual ele havia entrado
mais cedo naquela noite.
Infelizmente, um agente da polícia do Capitólio também estava ali.
Quando se viram frente a frente, os três pararam e se entreolharam. Langdon reconheceu o
rapaz hispânico de horas atrás, quando havia passado pela má quina de raios X.
— Agente Nuñez — disse o senhor negro. — Não diga nada. Venha comigo.
O segurança pareceu pouco à vontade, mas obedeceu sem questionar.
Quem é esse cara?
Os três seguiram apressados em direção à ala sudeste do centro de visitantes, chegando a um
pequeno hall e a uma série de portas pesadas interditadas por cones laranja. As portas estavam
lacradas com fita adesiva, aparentemente para proteger o local da poeira produzida pelo que quer que