Page 97 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Langdon, sentindo um calafrio ao chegar à parte final, que fazia referência ao Dr. Abaddon.
— “Peça ao Dr. Abaddon que nos encontre lá, se puder. Confio totalmente nele...”
— Ai, meu Deus... — A voz de Langdon estava tomada pelo medo. — Você chamou esse
homem para ir até aí?
— Chamei! Minha assistente acabou de sair para buscá-lo. Eles devem chegar a qualquer...
— Katherine, saia daí! — berrou Langdon. — Agora!
Do outro lado do CAMS, dentro da sala da segurança, um telefone começou a tocar, abafando o
jogo dos Redskins. Com relutância, o vigia retirou mais uma vez os fones de ouvido.
— Recepção — atendeu ele. Kyle falando.
— Kyle, aqui é Katherine Solomon! — A voz dela estava ansiosa, ofegante.
— Senhora, seu irmão ainda não...
— Onde está Trish? — indagou ela. — Dá para vê-la nos monitores?
O vigia girou a cadeira para conferir as telas.
— Ela ainda não voltou para o Cubo?
— Não! — exclamou Katherine, soando alarmada.
O vigia percebeu que Katherine Solomon estava sem fôlego, como se tivesse corrido. O que
está acontecendo lá dentro?
Kyle manejou rapidamente o controle dos monitores, passando os olhos por vários quadros de
vídeo digital em velocidade rápida.
— Calma aí, vou conferir as gravações... Estou vendo Trish sair da recepção com seu
convidado... eles estão descendo a “Rua”... deixa eu avançar... tá, eles entraram no Galpão Molhado...
Trish usou o cartão de acesso para destrancar a porta... os dois entraram lá dentro... deixa eu avançar
mais um pouco... beleza, eles saíram do Galpão Molhado há apenas um minuto... e foram para... — Ele
inclinou a cabeça, desacelerando a gravação. — Espera um instante. Que coisa estranha...
— O que foi?
— O senhor saiu do Galpão Molhado sozinho.
— Trish ficou lá dentro?
— É, parece que sim. Estou vendo seu convidado agora... ele está sozinho no corredor.
— Onde está Trish? — perguntou Katherine, quase histérica.
— Eu não estou vendo Trish nas imagens — respondeu Kyle, um quê de ansiedade se
insinuando em sua voz. Ele tornou a olhar para o monitor e percebeu que as mangas do paletó do
homem pareciam estar molhadas... até os cotovelos. O que esse cara fez no Galpão Molhado? O vigia
ficou olhando enquanto o homem avançava a passos decididos pelo corredor principal em direção ao
Galpão 5, segurando com força o que parecia ser... um cartão de acesso.
Kyle sentiu os cabelos da nuca se eriçarem.
— Sra. Solomon, estamos com um problema sério.
Aquela estava sendo uma noite de estreias para Katherine Solomon.
Em dois anos, ela nunca havia usado o celular dentro do vazio. Tampouco o havia atravessado
correndo à velocidade máxima. Agora, porém, Katherine estava com um celular grudado à orelha
enquanto disparava às cegas pela extensão interminável do carpete. Sempre que sentia um dos pés
fugindo do caminho acarpetado, corrigia o próprio rumo e tornava a voltar ao centro, continuando a
correr em meio à densa escuridão.
— Onde ele está agora? — perguntou ela ao vigia, sem ar.
— Estou verificando — respondeu ele. — Vou avançar a gravação.., certo, aqui está ele
descendo o corredor em direção ao Galpão 5...
Katherine começou a correr mais depressa, esperando conseguir chegar à saída antes de ficar
encurralada ali dentro.
— Quanto tempo até ele chegar à entrada do Galpão 5?
O vigia fez uma pausa.
— A senhora não está entendendo. Eu ainda estou avançando. Essas imagens são gravadas.
Isso já aconteceu. — Ele fez outra pausa. — Espere um pouco, deixa eu verificar o monitor de registro
de eventos. — Ele se calou novamente, e então disse: — Senhora, o cartão de acesso da Sra. Dunne
registra uma entrada no Galpão 5 mais ou menos um minuto atrás.
Katherine freou bruscamente, estacando por completo no meio do abismo.
— Ele já destrancou a porta do Galpão 5? — sussurrou ela para o celular.
O vigia digitava freneticamente.
— Sim, parece que ele entrou há... 90 segundos.
O corpo de Katherine ficou rígido. Ela parou de respirar. A escuridão à sua volta de repente
pareceu adquirir vida própria.