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Ele está aqui dentro comigo.
                 No mesmo instante, Katherine percebeu que a única luz em todo aquele espaço vinha do celular
          que iluminava a lateral de seu rosto.
                 —  Mande  ajuda  —  sussurrou  ela  para  o  vigia.  —  E  vá  até  o  Galpão  Molhado  para  Socorrer
          Trish. — Ela então fechou o aparelho com cuidado, fazendo a luz se apagar.
                 Uma escuridão absoluta a cercou.
                 Ela  permaneceu  imóvel,  respirando  o  mais  silenciosamente  possível.  Depois  de  alguns
          segundos, um forte cheiro de etanol emanou da escuridão à sua frente. O cheiro ficou mais intenso. Ela
          pôde sentir uma presença poucos metros adiante. Naquele silêncio, o som das batidas do coração de
          Katherine  parecia  alto  o  suficiente  para  denunciá-la.  Sem  fazer  barulho,  ela  tirou  os  sapatos  e  se
          deslocou lentamente para a esquerda, pisando fora do carpete. O cimento sob seus pés estava frio. Ela
          deu mais um passo para sair de vez do caminho acarpetado.
                 Um de seus dedos do pé estalou.
                 Aquilo soou como um tiro no silêncio.
                 A poucos metros dela, um farfalhar de roupas avançou de repente em sua direção do meio do
          breu.  Katherine  demorou  um  segundo  a  mais  do  que  devia  para  se  esquivar,  e  um  braço  forte  se
          estendeu para agarrá-la, tateando no escuro, a mão tentando segurá-la com violência. Ela girou o corpo
          enquanto dedos fortes feito um alicate prendiam seu jaleco e a puxavam para perto.
                 Katherine  jogou  os  braços  para  trás,  desvencilhando-se  do  jaleco  e  se  soltando.  De  repente,
          sem  saber  mais  para  que  lado  ficava  a  saída,  Katherine  Solomon  se  viu  correndo  em  disparada,
          totalmente às cegas, no meio de um abismo negro sem fim.



          CAPÍTULO 46

                 Apesar de abrigar o que muitos já chamaram de “a sala mais linda do mundo”, a Biblioteca do
          Congresso é menos conhecida por seu esplendor de tirar o fôlego do que por sua vasta coleção. Com
          mais de 800 quilômetro de prateleiras — o suficiente para cobrir a distância de Washington até Boston
          —, ela conquista com folga o título de maior biblioteca do mundo. Mesmo assim, continua a se expandir
          a uma velocidade de mais de 10 mil itens por dia.
                 Primeiro repositório da coleção pessoal de livros sobre ciência e filosofia de Thomas Jefferson, a
          biblioteca simbolizava o compromisso dos Estados Unidos com a disseminação do conhecimento. Um
          dos primeiros edifícios de Washington a receber luz elétrica, ela literalmente brilhava como um farol na
          escuridão do Novo Mundo.
                 Como  seu  nome  sugere,  a  biblioteca  foi  criada  para  servir  ao  Congresso,  cujos  veneráveis
          membros  trabalhavam  do  outro  lado  da  rua,  no  Capitólio.  Esse  antigo  vínculo  havia  sido  fortalecido
          recentemente com a construção de uma conexão física — um longo túnel sob a Independence Avenue
          que ligava os dois prédios.
                 Naquela noite, dentro do túnel mal iluminado, Robert Langdon foi seguindo Warren Bellamy por
          um trecho em obras, tentando controlar a preocupação crescente com Katherine. Esse maluco está no
          laboratório  dela?  Langdon  sequer  queria  imaginar  por  quê.  Antes  de  desligar,  dissera  a  Katherine
          exatamente onde ela deveria encontrá-lo mais tarde. Quanto falta para este maldito túnel terminar? Sua
          cabeça  agora  doía,  um  turbilhão  revolto  de  pensamentos  interligados:  Katherine,  Peter,  os  maçons,
          Bellamy, pirâmides, uma antiga profecia... e um mapa.
                 Langdon tentou tirar tudo aquilo da cabeça e seguiu em frente. Bellamy me prometeu respostas.
                 Quando os dois homens finalmente chegaram ao final do corredor, o Arquiteto guiou Langdon
          por um par de portas ainda em construção. Sem ter como trancá-las, Bellamy improvisou, pegando uma
          escada de alumínio da obra e apoiando-a precariamente nas portas. Então equilibrou um balde de metal
          em cima da escada. Se alguém entrasse, o balde cairia no chão fazendo estardalhaço.
                 É esse o nosso sistema de alarme? Langdon espiou o balde encarapitado em cima da escada,
          torcendo para que Bellamy tivesse um plano mais sofisticado para garantir a segurança deles naquela
          noite.  Tudo  havia  acontecido  muito  depressa,  e  Langdon  só  agora  começava  a  pensar  nas
          consequências de ter escapado com Bellamy. Eu sou um fugitivo da CIA.
                 O Arquiteto fez uma curva e os dois começaram a subir uma escadaria larga, isolada por cones
          laranja. A bolsa de viagem de Langdon pesava, atrapalhando-o na subida.
                 — A pirâmide de pedra — disse ele —, ainda não entendo...
                 — Aqui, não — interrompeu Bellamy. — Vamos examiná-la na luz. Eu conheço um lugar seguro.
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