Page 103 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Katherine manteve os olhos bem fechados, precipitando-se pelo gramado. Quando sentiu que
estava suficientemente longe do prédio e das luzes, abriu os olhos, corrigiu seu trajeto e seguiu
correndo feito uma louca no escuro.
As chaves de seu Volvo estavam exatamente onde ela sempre as deixava, no console central.
Ofegante, ela segurou-as com as mãos trêmulas e encontrou a ignição. O motor ganhou vida com um
rugido e os faróis do carro se acenderam iluminando uma visão aterradora.
Uma forma horrenda corria na sua direção.
Por alguns segundos, Katherine ficou petrificada.
A criatura iluminada por seus faróis era um animal careca e de peito nu, com a pele coberta por
tatuagens de escamas, símbolos e palavras. Ele berrava enquanto corria em direção ao carro, suas
mãos erguidas diante do rosto como um animal das cavernas que vê a luz do sol pela primeira vez. Ela
estendeu a mão para a alavanca de câmbio, mas, num piscar de olhos, ele estava ali, projetando o
cotovelo contra sua janela lateral e cobrindo seu colo com uma chuva de cacos de vidro.
Um imenso braço tatuado penetrou por sua janela, tateando e encontrando seu pescoço. Ela
engatou a ré, mas o agressor havia agarrado sua garganta e a apertava com uma força inimaginável.
Ela virou a cabeça para tentar escapar daquela mão e, de repente, se viu encarando o rosto dele. Três
listras escuras, parecendo unhadas, haviam removido sua maquiagem e revelado as tatuagens do
rosto. Os olhos eram insanos e implacáveis.
— Eu deveria ter matado você 10 anos atrás — rosnou ele. — Na noite em que matei sua mãe.
À medida que sua mente registrava aquelas palavras, Katherine foi tomada por uma lembrança
aterrorizante: aquele olhar de besta-fera... ela já o vira antes. É ele. Não fosse a pressão fortíssima em
volta de seu pescoço, ela teria soltado um grito.
Katherine afundou o pé no acelerador e o carro deu um pinote para trás, quase quebrando seu
pescoço enquanto o homem era arrastado ao lado do veículo. O Volvo começou a subir um canteiro
inclinado, e ela pôde sentir o pescoço prestes a ceder ao peso dele. De repente, galhos de árvore
começaram a arranhar a lataria, fustigando as janelas laterais, e o peso sumiu.
O carro irrompeu através dos arbustos e emergiu na parte superior do estacionamento, onde
Katherine pisou com força nos freios. Mais abaixo, o homem seminu se levantava encarando os faróis.
Com uma calma aterrorizante, ele ergueu um braço ameaçador e apontou diretamente para ela.
O sangue de Katherine chispou por suas veias, cheio de medo e raiva, enquanto ela girava o
volante e pisava no acelerador. Segundos depois, estava pegando a Silver Hill Road a toda a
velocidade.
CAPÍTULO 48
No calor do momento, o agente Nuñez não tinha visto outra alternativa senão ajudar o Arquiteto
e Robert Langdon a fugir. Agora, porém, de volta à central de segurança no subsolo, ele podia ver a
tempestade se armando depressa.
O chefe Trent Anderson segurava um saco de gelo junto à cabeça enquanto outro agente
cuidava dos hematomas de Sato. Ambos estavam reunidos com a equipe responsável pelas câmeras,
repassando as imagens gravadas na tentativa de localizar Langdon e Bellamy.
— Verifiquem as imagens de todos os corredores e saídas — ordenou Sato.
— Quero saber para onde eles foram!
Enquanto assistia àquilo, Nuñez começou a ficar enjoado. Sabia que era apenas uma questão
de minutos até encontrarem a gravação certa e descobrirem a verdade. Eu os ajudei a fugir. Para piorar
as coisas, uma equipe de quatro homens da CIA tinha chegado e se preparava ali perto para sair atrás
de Langdon e Bellamy. Aqueles homens não se pareciam em nada com a polícia do Capitólio. Eram
soldados de verdade: roupas camufladas pretas, óculos de visão noturna, armas de aspecto futurista.
Nuñez achou que ia vomitar. Decidindo-se, gesticulou discretamente para o chefe Anderson.
— Chefe, posso dar uma palavrinha com o senhor?
— O que foi? — Anderson seguiu Nuñez até o corredor.
— Chefe, cometi um erro muito grave — disse o segurança, começando a suar.
— Eu sinto muito e estou pedindo demissão. — O senhor vai mesmo me mandar embora daqui
a poucos minutos.
— Como é que é?
Nuñez engoliu em seco.
— Mais cedo, eu vi Langdon e o Arquiteto Bellamy saírem do prédio pelo centro de visitantes.