Page 84 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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— Espere até vê-la iluminada.
Trish retirou a enorme tampa do tanque. Vapores de etanol emanaram do seu interior quando
ela pôs a mão lá dentro e acendeu um interruptor logo acima da superfície do líquido. A Architeuthis
então se iluminou em toda a sua glória — uma cabeça colossal presa a uma escorregadia massa de
tentáculos apodrecidos e ventosas afiadas feito navalhas.
Ela começou a contar como a lula gigante era capaz de derrotar um cachalote em um combate.
Mal’akh escutava apenas um blá-blá-blá sem sentido.
Havia chegado a hora.
Trish Dunne sempre ficava um pouco nervosa no Galpão 3, mas o calafrio que acabara de
percorrer seu corpo era diferente.
Visceral. Primitivo.
Ela tentou ignorar a sensação que aumentava depressa, tomando conta dela. Embora Trish não
conseguisse identificar a origem de sua ansiedade, seu instinto lhe dizia claramente que era hora de
sair dali.
— Enfim, essa é a lula — disse ela, pondo a mão dentro do tanque e desligando a iluminação
especial. — Acho que é melhor voltarmos para onde Katherine...
Uma imensa mão apertou com força sua boca, puxando-lhe a cabeça para trás. No mesmo
instante, um braço potente envolveu seu tronco, prendendo-a contra um peito duro feito pedra. Durante
uma fração de segundo, o choque deixou Trish anestesiada.
Então veio o terror.
O homem tateou seu peito, agarrando seu cartão de acesso e puxando com força. O cordão
queimou sua nuca antes de se partir. O cartão caiu aos pés dos dois. Ela lutou, tentando se
desvencilhar, mas não era páreo para o tamanho e a força daquele homem. Tentou gritar, mas a mão
dele continuava a tapar-lhe a boca. Ele se abaixou, colando os lábios no seu ouvido e sussurrando:
— Quando eu tirar a mão da sua boca, você não vai gritar, entendido?
Ela balançou a cabeça vigorosamente, com os pulmões ardendo. Não consigo respirar!
O homem retirou a mão de sua boca e Trish arquejou, inspirando fundo.
— Me solte! — pediu ela, ofegante. — Que diabo está fazendo?
— Me diga a sua senha — falou o homem.
Trish estava completamente atônita. Katherine! Socorro! Que homem é esse?
— A segurança está vendo você! — disse ela, sabendo muito bem que os dois estavam fora do
alcance das câmeras. E ainda por cima não tem ninguém olhando.
— A sua senha — repetiu o homem. — A que corresponde ao seu cartão de acesso.
Um medo gélido revirou suas entranhas e Trish girou o corpo com violência, soltando um dos
braços e se virando para enfiar as unhas nos olhos do homem. Seus dedos arranharam sua bochecha.
Quatro talhos se abriram na carne dele. Trish então percebeu que aquelas listras escuras não eram
sangue. O homem estava usando maquiagem e, ao arranhá-lo, ela havia revelado as tatuagens escuras
escondidas por baixo.
Quem é esse monstro?!
Com uma força aparentemente sobre-humana, ele girou o corpo dela e a ergueu do chão,
empurrando-a pela borda do tanque aberto e deixando seu rosto logo acima do etanol. Os vapores
queimaram suas narinas.
— Qual é a sua senha? — repetiu ele.
Os olhos de Trish ardiam e ela pôde ver a carne pálida da lula submersa abaixo de seu rosto.
— Me fale — disse ele, aproximando mais seu rosto da superfície. — Qual é?
A garganta dela agora ardia.
— 0-8-0-4! — disparou ela, mal conseguindo respirar. — Me solte! 0-8-0-4!
— Se estiver mentindo... — disse ele, empurrando-a mais para baixo até seus cabelos tocarem o
etanol.
— Eu não estou mentindo! — disse ela, tossindo. — Dia 4 de agosto! É o meu aniversário!
— Obrigado, Trish.
As mãos vigorosas apertaram ainda mais a cabeça dela e uma força esmagadora a empurrou
para baixo, mergulhando seu rosto no tanque. Uma dor excruciante queimou seus olhos. O homem
empurrou com mais força, afundando toda a cabeça dela no etanol. Trish sentiu o rosto ser pressionado
contra a cabeça polpuda da lula.
Reunindo todas as suas forças, ela arqueou violentamente o corpo, vergando-se para trás numa
tentativa desesperada de tirar a cabeça do tanque. Mas as mãos poderosas não saíram do lugar.
Preciso respirar!