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FRAGMENTA HISTORICA                     Cristóvão Mendes de Carvalho  ‐ História de um alto
                                                            magistrado quinhentista e de sua família

             teve  mercê  do  ofício  de  meirinho  da   feita  por  público  tabelião  e  um  alvará  de
             correição  da  comarca  da  Beira,  porquanto   licença. E apresentara ainda uma carta de
             Rui  Mendes,  seu  cunhado,  que  o  servia,   escambo,  feita  e  assinada  por  D.  João  I,  a
             enviara pedir licença para o poder trespassar   rainha  e  o  infante  D.  Duarte,  datada  de
             e colocara a sua renúncia em mão d’el rei.    Lisboa, 22.12.1411, e escrita por João Pires.
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             A  10.2.1509  Rui  Mendes,  contador  na    Nesta,  Gonçalo  Correa,  criado  d’el  rei,
             comarca  da  Beira,  rematou  a  Henrique  de   contava que, por falecimento de Fernando
             Carvalho , morador em Azurara , os seus     Afonso , seu pai, a quem el rei dera a terra
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             direitos  na  contadoria  do  almoxarifado  de   de Valadares, no almoxarifado de Ponte de
             Ponte de Lima por 18.250 reais.  Existem    Lima, de juro e herdade, mas sem jurisdição,
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             vários mandados e ordens de Rui Mendes,     ficara  a  ele  essa  terra.  E  el  rei,  com
             contador do rei da comarca de Entre-Douro-  consentimento  da  rainha  e  do  infante  D.
             e-Minho, entre 1508 e 1515.  A 17.8.1510    Duarte,  dera  em  escambo  a  Gonçalo
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             Rui  Mendes,  contador,  fez  escambo  com   Correia, pela terra de Valadares, a terra da
             Colegiada de Santa Maria da Oliveira de     Cunha Velha e casais dela, no almoxarifado
             Guimarães de umas casas na Rua Sapateira    de  Guimarães.  E  ordenou  ao  almoxarife
             e um casal do Bairro, no lugar de Fato.  A   Diogo  Martins,  do  almoxarifado  de
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             19.6.1498 Rui Mendes comprou o senhorio     Guimarães, que o deixassem haver e lograr
             de   Cunha-a-Velha,   no   termo   de       a  terra  da  Cunha  Velha,  e  a  todos  seus
             Guimarães , por 100.000 reais de prata, do   descendentes,  assim  e  pela  guisa  que
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             que  obteve  de  D.  Manuel  I  confirmação  a   houvera a terra de Valadares. E mandou a
             3.5.1500.  Diz esta carta de mercê a Rui    Vicente Anes, seu contador, que andava na
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             Mendes,  cavaleiro  da  Casa  d’el  rei,  que   dita comarca, que logo que ao dito Gonçalo
             numa  carta  de  D.  Afonso  V,  datada  de   Correa  fosse  entregue  a  terra  da  Cunha
             Lisboa, 12.9.1473, escrita por João Carreira   Velha, fizesse logo tomar para el rei a terra
             e mandada por Pedro de Alcáçova, cavaleiro   de  Valadares,  e  pô-la  no  almoxarifado  de
             da Casa d’el rei e escrivão de sua fazenda, se   Ponte de Lima. E em testemunho mandou
             dizia  que  Fernando  Anes  das  Póvoas,    fazer duas cartas do escambo, ambas de um
             cidadão  mercador,  morador  na  cidade  do   só  teor.  A  12.8.1474,  em  Lisboa,  Gonçalo
             Porto, tivera por compra a Gonçalo Correa,   Correa, em carta de venda feita por Fernão
             outrossim  cavaleiro  d’el  rei,  morador  em   Rodrigues, tabelião, nas casas de morada de
             Lisboa,  o  reguengo  chamado  da  Cunha    João Correa, cavaleiro, cidadão, vereador da
             Velha, na comarca de Entre-Douro-e-Minho.   cidade, e Isabel Dias de Castello-Branco, sua
             Da qual compra houvera a respectiva carta,   mulher,  em  presença  de  testemunhas
                                                         mencionadas, fora por ele apresentado um
           227  ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, M., Liv. 1, fól. 12v.
           228   Trata-se  do  sobrinho  de  sua  mulher  e  futuro  Dom   alvará  de  D.  Afonso  V,  datado  de  Lisboa,
           abade comendatário do mosteiro de São Miguel de   18.8.1473,  escrito  por  Gonçalo  Rodrigues,
           Refojos de Basto D. Frei Henrique de Carvalho.  no qual dava licença a Gonçalo Correa para
           229   É  possível  que  Rui  Mendes  também  tivesse  casa
           ou bens em Azurara (então um julgado e hoje uma   poder  vender,  escambar,  ou  como  lhe
           freguesia do concelho de Vila do Conde). Como ficou
           dito,  a  14.3.1496  foi  confirmado  como  escrivão  das   235   Fernando  Afonso  Correa,  senhor  de  Fralães
           sisas de Azurara um Gonçalo Anes, aí morador, criado   (7.10.1385)  casado  com  Joana  Anes  (da  Cunha)  ou
           de Rui Mendes, contador de Guimarães. Este Gonçalo   Leonor  Rodrigues  (da  Cunha),  consoante  os  autores.
           Anes foi na mesma data confirmado tabelião e escrivão   Vide  Manuel  Abranches  de  Soveral,  “Ensaio  sobre
           da dízima do pescado de Azurara.           a  origem  dos  Correa,  senhores  de  Fralães.  Séculos
           230  ANTT, Corpo Cronológico, p. 2, mç. 16, nº 95.  XIV  e  XV”,  in  www.soveral.info/mas/Correia.htm.  Rui
           231  ANTT, Corpo Cronológico, p. 2 (muitos documentos).  Mendes  era  primo  de  Gonçalo  Correa  justamente
           232   ANTT,  Colegiada  de  Santa  Maria  da  Oliveira  de   pelos  Cunha,  pois  uma  irmã  da  mulher  (Cunha)  de
           Guimarães, Documentos particulares, mç. 76, nº 41.  Fernão Afonso Correa casou com Martim Gonçalves do
           233   Senhorio  centrado  na  freguesia  de  São  Miguel  da   Carvalhal, sendo avós maternos de Rui Mendes. O autor
           Cunha, hoje concelho de Braga.             desenvolve esta matéria num “Ensaio sobre a origem
           234  ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, M., Liv. 13, fól. 42v.  dos Carvalhal”, ainda por editar.

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