Page 44 - 5
P. 44

FRAGMENTA HISTORICA                     Cristóvão Mendes de Carvalho  ‐ História de um alto
                                                            magistrado quinhentista e de sua família

                                                         casou  cerca  de  1475,  certamente  em
           Rui Mendes já se documenta fidalgo em 1472. Baseia-  Lamego, com Ana Rodrigues de Carvalho,
           se CMV apenas na carta que Gaspar Álvares Lousada,   n. cerca de 1452 e fal. viúva depois de 1521,
           corregedor  da  Inquisição  do  Porto,  enviou  a  D.  João
           III em resposta ao mandado deste rei de expulsão do   que teve o prazo de um casal em Santa
           país dos membros da dita família Paz. Diz esta carta, de   Ovaia  de  Riba  Selho,  no  termo  de
           1542 (o negrito é meu): "Senhor a noue deste mês de   Guimarães.  Dela era uma “cota preta de
                                                                  237
           Junho me foi dada hua carta de uossa Alteza na qual   dó de pano de roles” que foi roubada antes
           me escrueo que por alguns respeitos de muito seruiço
           de nosso senhor e seu aui por bem que João de Paz pai   de 1480, como se diz numa carta de perdão
                                                                   238
           de Duarte de Paz e Mecia de Paz sua may e sua molher,   de D. João II.  Era irmã de Pedro Rodrigues
           e Ruy Mendes e Diogo de Paz irmãos do pai e may do   de Carvalho, cavaleiro fidalgo da Casa Real,
           dito Duarte de paz, e Diogo de Paz e Isidro de Paz irmãos   senhor do prazo do Souto de El-Rei
           do dito Duarte de Paz e até Francisco de Paz, Fernão              239
           Lopes, João de Paz e António de Paz, filhos de Diogo de   (20.12.1477 e 10.11.1478) , etc.; do Dr. Rui
           Paz tio do dito Duarte de Paz, e Francisco Rodriguiz filho
           da irmãa do pai de Duarte de Paz, e Branca Rodriguiz,   quinhentos e quarenta edous annos". Como é evidente,
           Guiomar  Mendes,  e  Janebra  de  Paz  irmãs  do  pay  e   este  Rui  Mendes,  irmão  ou  cunhado  do  Mestre  João
           may de Duarte de Paz, e Violante de Paz, Joana de Paz,   da Paz (que veio para Portugal em 1481), não é nem
           Lianor de Paz e Violante de Paz filhas de Diogo Paz e   pode  ser  o  contador  Rui  Mendes,  por  variadíssimas
           da Janebra de Paz, e assi as molheres de cada huu dos   razões, desde logo porque se o fosse seria identificado
           sobreditos, e os maridos das molheres sobreditas não   como  tal  por  Gaspar  Álvares  Lousada,  mas  também
           uiuessem nem estiuessem mais em todos seus reynos,   porque  constariam  desta  lista  os  seus  filhos.  Além
           senhorios e me mandou que tanto que a dita prouisão   de que o contador Rui Mendes, que D. João III ainda
           me fose dada, eu notificasse com huu escriuão dante mi   conheceu, faleceu com 77 anos em 1521, no início do
           a cada hua das ditas pessoas, que dentro de hum mês se   seu  reinado,  portanto  21  anos  antes  desta  diligência,
           sahissem de todos seus reinos e senhorios, e estiuessem   não  fazendo  (na  identificação  de  CMV)  qualquer
           mais nelles, e fazendo contrario auia por condemnado   sentido a informação de Lousada ao rei, em 1542, de
           a cada huu delles em des annos de degredo para a Ilha   que ele tinha entretanto falecido. Isto para já não falar,
           de S. Thomé, sem remissão, e em perdimento de toda   é claro, que o contador Rui Mendes (de Vasconcellos),
           sua fazenda e que fizesse autos, e lhe escreuesse todo   nascido em 1444, era fidalgo, como bem se documenta,
           o que neste caso fizesse. Pello logo mandei uir diante   inclusive  cavaleiro  da  Ordem  de  Santiago,  em  1472
           de  mi  a  Diogo  de  Paz  e  Izidro  de  Paz  irmãos  do  dito   era escudeiro e vedor do bispo de Lamego D. Rodrigo
           Duarte de Paz e ao Doutor Vasco Leite casado com hua   de Noronha, serviu no norte de África antes de 1575,
           irmã  sua  e  a  António  de  Paz,  e  elles  notifiquei  a  dita   esteve na batalha de Toro em 1576 e neste ano já era
           prouisão, e a foi notificar a Ana na pessoa molher do   contador de Entre-Douro-e-Minho e senhor do couto do
           dito Isidro de Paz, e a Maria de Paz e a Brites de Paz, e a   Vimeiro com sua jurisdição. Sendo bisneto de Gonçalo
           Isabel Rodriguiz molher que foi de Francisco de Paz, Ana   Mendes de Vasconcellos, como bem demonstra a posse
           Gomes molher de Antonio de Paz, e a Branca Rodriguiz   das quintãs de Nomães e Vila Maior, que seguiram na
           e a Guiomar Mendez que ao presente são moradores e   sua descendência.
           se acharão nesta cidade. Os quais todos e cada huu per   237   Inês  Borges  e  seu  marido  Martim  de  Carvalho
           si disserão que não tinham feito per que os Vossa Alteza   tiveram  a  6.8.1484  (com  confirmação  de  24.11.1487,
           mandasse  ir do  reino  que  elles  irião  ou  mandarião   então  ela  já  viúva),  o  prazo  de  um  casal  em  Santa
           requerer  sua  iustiça  ante  vossa  Alteza.  De  tudo  se   Ovaia  de  Riba  Selho,  termo  de  Guimarães,  onde  se
           fizerão autos e ficão em poder do escriuão que pera isso   diz que aquele Martim era irmão de Ana Rodrigues de
           tomey.Todas mais pessoas contheudas na ditra prouisão   Carvalho,  mulher  de  Rui  Mendes,  cavaleiro,  contador
           são ausentes e falecidas e moradores em outras partes.   das comarcas de Guimarães e de Ponte de Lima, a quem
           São fallecidos João de Paz e Mecia de Paz, pai e may   ela Inês Borges, senhora do mesmo casal por doação da
           do dito Duarte de Paz, e Ruy Mendes e Diogo de Paz,   referida Isabel Borges, o cedera.
           irmãos do pai e da mae de Duarte de Paz e Francisco   238   ANTT,  Chancelaria  de  D.  João  II,  Liv.  22,  fól.  130v.
           de Paz, filho de Diogo de Paz, Janebra de Paz, Lionor de   Carta  de  perdão  de  15.12.1484  para  Luís  da  Ponte,
           Paz molher que foi de Vasco de Sampayo e Maria de Paz   barqueiro  de  Guimarães,  acusado  de  furtar  uma  cota
           molher de Manuel de Figueiredo. Os ausentes, a molher   preta de dó de pano de roles a Rui Mendes, contador
           do dito Duarte de Paz que uiue em Eluas, e se diz que he   em a dita vila, a qual era de sua mulher.
           falecida, Fernão Lopes de Paz e João Lopes de Paz uiuem   239  A 1.5.1480 D. Afonso V confirmou a Pedro Rodrigues
           em essa cidade. Francisco Rodriguiz em Tauira, Violante   de Carvalho, cavaleiro da sua Casa, morador na cidade
           de  Paz  em  Lamego,  casada  com  Diogo  Sausedo:  não   de  Lamego,  o  emprazamento  em  três  vidas  do  souto
           mandei publicar nem notificar esta prouisão as terras   de Madões (Souto d'el Rei) que fica no termo da dita
           donde estes ausentes uiuem por senão estender a   cidade,  pelo  foro  anual  de  2.150  reais  de  prata,  ou
           tanto,  se  vossa  Alteza  ouuer  por  seu  seruiço  escreua-  seu justo valor ao tempo das pagas, a ser pago no dia
           mo  e  logo  o  farei.  Nosso  senhor  acrescente  o  estado   1  de  Setembro,  mediante  determinadas  condições.
           real  de  Vossa  Alteza.  Do  Porto  a  12  de  Junho  de  mil   Tem inserto a carta de emprazamento de 11.3.1440, o


           44
   39   40   41   42   43   44   45   46   47   48   49