Page 40 - 5
P. 40
FRAGMENTA HISTORICA Cristóvão Mendes de Carvalho ‐ História de um alto
magistrado quinhentista e de sua família
Diz a carta de D. Afonso V que lhe doou o Licenciado Cristóvão Mendes, corregedor-
senhorio do couto de Vimeiro: “Dm mor da Beira, e Fernão da Mesquita,
affomsso etc. a qñtos esta carta uirem faço cavaleiro da Casa d’el rei, filho e genro do
sabr que acatamdo eu aos m s(er)uiços testador, e outros, pelo qual manda
tos
que tenho rreçebido ally nas partes dafrica sepultar-se na colegiada de Guimarães, ante
como em estes meus rg de castella de rruy a porta que vai para os órgãos, onde
os
memdez meu comtador nos almoxarifados também quer que venha a ser sepultada sua
de guimaraaes e pomte de lima e mulher a honrada Ana Rodrigues de
querendolhos em parte agallardoar como a Carvalho, porquanto “como ela sempre foi
mim perteemçe fazer aaquelles que bem e tão (...) comigo nos trabalhos que eu tiue no
lealmemte me suem / E queremdo lhe fazer mundo (...) se no outro mundo se deve saber
graça e merçee / Teenho por bem e lhe faço para contentamento deste ajuntamento
merçee e doaçom em dias de sua uida da assy ser”, e lega 200 reais que é quanto
juzdiçam çiuell e crime mero e mixto agora valem dez vinténs, com a obrigação
empereo do couto do uimieyro que estaa de dez missas rezadas com responso e água
açerqua da çidade de braga rresalluamdo a benta sobre a sepultura. É possível que
210
coreiçam e alçada/ ¶ E porem mamdo ao Rui Mendes tenha tirado ordens menores
meu corregedor na quella comarqua e em Lisboa, cerca de 1453, juntamente com
atodollos outros juyzes e justiças oficiaaes e D. Rodrigo de Noronha, futuro bispo de
pessoas aque o conhecimento desto Lamego. Começa a documentar-se em 1472,
perteemçer e esta carta for mostrada que teria 28 anos, quando a 4 de Abril desse ano
metam logo em posse da dita juzdiçam o D. Afonso V doou vitaliciamente a Rui
dito rruy memdez e lha leixem auer lograr e Mendes, vedor do bispo de Lamego, seu
pessuir / e lha nom embarguem e lha capelão-mor, a dízima do pescado de uns
cumpram e guardem e façam em todo canais no rio Douro, no termo da cidade de
compryr e guardar esta minha carta assy e Lamego. A 8.4.1475 o mesmo rei nomeou
211
pella guisa que em ella he comteudo por Rui Mendes, escudeiro do bispo de Lamego
qñto assy he minha merçee. / Dada em e vedor da sua Casa, para o cargo de
minha cidade de Touro a seis dias de dabrill contador da comarca de Entre-Douro-e-
/ affomsso garçees a fez, de mil e cccclxx e vj Minho, em substituição de Gonçalo
//”. Rui Mendes fez testamento em 1518, de Afonso , que não o podia exercer, ficando
212
que existe traslado de cláusula passado pelo no entanto com mantimento até morrer,
tabelião Cristóvão do Vale a 3.10.1521, passando depois para Rui Mendes. A
213
onde consta como Rui Mendes, cavaleiro da 6.5.1475 confirmou a doação feita a Rui
Ordem de Santiago, fidalgo da Casa d’el rei, Mendes, escudeiro, vedor do bispo de
contador no Minho e Trás-os-Montes, Lamego, feita por Martinho Anes,
morador na Rua da Sapateira , e se diz que carpinteiro, e por sua mulher Inês Pires,
209
fez testamento aprovado em Junho de 1518 moradores na cidade de Lisboa, de todos os
pelo tabelião Martim Gomes, sendo uma seus bens móveis e de raiz, conforme
das testemunhas João Mendes, filho do constava no instrumento de doação de
testador, o qual foi aberto a 9.5.1521 10.11.1470. Ou já era ou foi entretanto
214
perante o juiz ordinário de Guimarães Simão
Rebello, escudeiro, estando presentes o 210 AMAP, Pergaminhos, 123084; e C-7, fól. 27v.
211 ANTT, Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 29, fól. 188v.
209 Actual Rua da Rainha, onde fica a Santa Casa da 212 Gonçalo Afonso Carvalho, cavaleiro da Casa de
Misericórdia de Guimarães, na freguesia de Nossa D. Afonso V e contador de Entre-Douro-e-Minho
Senhora da Oliveira. Rui Mendes tinha aí um prazo de (13.5.1449), que foi procurador por Lamego a várias
casas da Colegiada, que em 1576 estava posse de seu Cortes e era tio-avô materno de Ana Rodrigues de
bisneto Manuel da Cunha da Mesquita, com referência Carvalho, mulher de Rui Mendes.
a que tinha sido “do contador velho” (AMAP, Colegiada 213 ANTT, Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 30, fól. 91.
932j, fól. 134v a 136v). 214 ANTT, Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 30, fól. 66.
40