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Manuel Abranches de Soveral FRAGMENTA HISTORICA
aprouvesse, o reguengo da Cunha Velha, na os comprara a Gonçalo Correa, morador na
comarca de Entre-Douro-e-Minho, e cidade de Lisboa. E bem assim um
prometia de lhe confirmar o contracto. E os instrumento de procuração, feito por
vendedores, com aprazimento de Paio Fernão Roiz, público tabelião em Lisboa, a
Correa, seu filho, logo venderam a Fernando 19.6.1498, no qual António Fernandes das
Anes das Póvoas, mercador, morador na Póvoas, mercador, morador a São Nicolau, e
cidade do Porto, a terra da Cunha Velha, no sua mulher, Inês Álvares, faziam seu
almoxarifado de Guimarães. A qual terra procurador ao honrado Afonso Tomé,
vendiam com seus casais, terras, rendas, cidadão do Porto, e lhe davam livre poder
foros, direitos e pensões, etc., como ele para vender uma terra que ele António
Gonçalo Correa herdara por morte de Fernandes tinha no termo de Guimarães,
Gonçalo Correa, seu pai, pelo preço de chamada a Cunha Velha. Entre as
80.000 reais de prata, de 35 libras o real, testemunhas figurava Rui das Póvoas, irmão
forros de sisa e demais tributos, custas e do vendedor. E Afonso Tomé vendeu a Rui
costumes. Os quais 80.000 reais os Mendes, cavaleiro da Casa d’el rei e seu
vendedores confessaram ter recebido de contador na comarca de Entre-Douro-e-
António Fernandes das Póvoas, filho de Minho, em nome de António Fernandes, a
comprador. E se deram entregues de 246 terra da Cunha Velha, com todos os casais,
cruzados de ouro e por 50 reais de prata em reguengos da coroa, terras, foros, direitos e
dinheiro, recontando por cruzado 325 reais pensões, por preço de 100.000 reais de
e de tudo se deram por satisfeitos. E bem prata, da moeda de 6 ceitis o real, sem
assim apresentou Fernando Anes das obrigação de pagar sisa nem tributo, os
Póvoas mais duas cartas, nas quais D. João II quais Afonso Tomé confessou receber e se
e D. Afonso V confirmavam a dita carta de deu por entregue por 250 cruzados de ouro,
escambo a Gonçalo Correa, pai de Gonçalo de justo peso, à razão de 390 reais e 125
Correa. E, visto o alvará de licença que vinténs o cruzado. Pedindo o dito Rui
Gonçalo Correa houvera, lhe confirmou a Mendes, porquanto tudo se passara
carta de venda e compra da terra de Cunha devidamente, vistas as ditas cartas de
Velha. E mandou a Gonçalo Afonso, seu compra e escambo e todos os documentos
contador na comarca, e ao almoxarife desse inclusos, que lhos confirmasse e lhos
almoxarifado, que metesse o dito Fernando confirmou, Francisco de Matos a fez. Para
Anes na posse da dita terra, e a fizesse que o erro não se espalhe, convém fazer
registar no Livro dos Próprios para, depois aqui uma nota a salientar que este Rui
de extinta de todo a sua linhagem, viesse à Mendes não pode ser identificado, como já
coroa do reino. Mais foi apresentada uma foi, com um homónimo judeu converso,
carta de venda feita por Gonçalo Anes, mais tardio. Rui Mendes (de Vasconcellos)
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tabelião d’el rei na vila e julgado de Azurara,
termo e jurisdição da cidade do Porto, nas 236 Carlos Manuel Valentim (CMV), na sua dissertação
casas de João Lopes e testemunhas, onde de Mestrado na Universidade de Lisboa, intitulada
“Uma Família de Cristãos-Novos do Entre Douro e
compareceu Afonso Tomé, escudeiro e Minho: os Paz”, 2007, completada pelo artigo “Mestre
cidadão da dita cidade, o qual apresentou João de Paz e Maestre Juan Faraz. Um Reflexo de Dois
um alvará, sendo el rei em Castela, passado Espelhos com a mesma Face”, in Cadernos de Estudos
pela chancelaria e assinado pela rainha, Sefarditas, nº 9, 2009, identifica o contador Rui Mendes
com um cristão-novo também assim chamado, tio de
irmã d’el rei, tendo a governança, datado de Duarte da Paz e expressamente dito irmão (podendo
Lisboa, 15.7.1498, e escrito por João Pais, contudo ser cunhado) do Mestre João da Paz, médico,
no qual dava licença a António Fernandes judeu castelhano que fugiu para Portugal em 1481
das Póvoas para vender 10 casais que e se converteu ao Cristianismo, sendo feito vassalo
real e cidadão. A identificação que faz CMV é risível e
ficavam na terra da Cunha Velha, termo de anacrónica, não tendo qualquer fundamento, desde
Guimarães, os quais herdara de seu pai, que logo por tudo o que já ficou exposto, nomeadamente
que os cristãos-novos começam em 1497 e o contador
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