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FRAGMENTA HISTORICA                     Cristóvão Mendes de Carvalho  ‐ História de um alto
                                                            magistrado quinhentista e de sua família

                  Gregório de Benavides,  n.  cerca  de       sua mulher D. Inês de Benavides, que
                  1475,  escudeiro  fidalgo  da  Casa  de     por sua morte teve mercê dos ditos
                  Bragança,  que  esteve  na  tomada          direitos  e  rendas  (2.9.1491).   C.g.,
                                                                                     196
                  de  Azamor  (1513)  com  o  duque           nomeadamente nas Casas de Pindela
                  D.  Jaime.  Era  filho  de Pedro de         e de Calheiros. 197
                                  190
                  Palatinas ou Paredinas e sua mulher
                  D.  Brízida  de  Benavides,  e  neto   109. Tirou-lhe estas vilas para as dar a D. Leonor, filha
                                                      do conde de Atalaia D. Pedro, o seu anterior senhor.
                  materno de Pedro de Mendanha ,      196  ANTT, Chancelaria de D. João II, Liv. 5, fól. 16. Diz a
                                             191
                  castelhano,  alcaide-mor  de  Castro   carta: Dom João, cet. Fazemos saber que Nós tínhamos
                  Nuño,  apoiante  D.  Afonso  V  nas   dado  a  Pero  de  Mendanha,  alcaide  que  foi  de  Crasto
                  pretensões ao trono de Castela, que   Minho, e do nosso Conselho, as uilas da Castanheira e
                                                      Pouos, com seus direitos, e esto polos muitos seruiços
                  depois veio para Portugal , onde foi   que a el Rei meu senhor e padre, que Deus tem em sua
                                      192
                  do seu Conselho  e do de D. João II,   Santa Glória, e a Nós tinha feitos, nos reinos de Castela
                               193
                  e a quem este rei doou a 18.3.1488   e assi nestes de Portugal, e também por lhe fazermos
                  a  alcaidaria-mor  de  Barcelos  e a   graça e mercê, as quais uilas e direitos por se achar assi
                                          194
                                                      por direito, as demos a Dona Lianor, filha do conde Dom
                  23.2.1489  os  direitos  reais  e  rendas   Pero  da  Atalaia.  E  achando  Nós  como  o  dito  Pero  de
                  das  vilas  de  Caminha,  Valença,   Mendanha era fora da dita mercê, e por lhe tornarmos
                  Condeixa  e  Val  de  Moinho  (Abiul),   a fazer satisfação dela, e de seus seruiços, e quisemos
                  em  sua  vida,  por  lhe  ter  tirado  as   que pera em todo-los dias de sua uida houuesse estes
                                                      direitos  aqui  declarados,  scilicet:  todo  o  que  rende
                  vilas de Castanheira e Povos , e de   e renderem ao diante o foral da uila de Caminha e o
                                         195
                                                      foral  da  uila  de  Ualença,  que  é  todo  na  comarca  do
           ao Supp  a justificação o sobredº das ditas test  lhe m    almoxarifado de Ponte de Lima, e todo o que rende e
                te
                                          as
                                              de
           passar seu Instrum  em forma. ERM”.        renderem os direitos da portagem e alcaidarias do lugar
                       to
           190  Segundo tudo indica. Gayo (ob. cit., Mendanhas, §4)   de Condeixa, e assi todo o que rende e render o reguengo
           diz  que  na  já  referida  justificação,  de  seu  neto  Pedro   de Ual de Moinho, termo de Abiul e termo de Coimbra,
           de  Benavides  Mendanha,  as  testemunhas  dizem  que   e porque o dito Pero de Mendanha é já finado, e por
           Gregório  de  Benavides  era  sobrinho  de  D.  Isabel  de   sermos  obrigado  a  fazer  mercê  a  sua  mulher  e  todo-
           Benavides (filha de Pedro de Mendanha e sua mulher   los que dele descenderem, Temos por bem e fazemos
           D. Inês de Benevides).                     doação e mercê das ditas rendas, direitos e reguengo,
           191  Pai de Francisco de Mendanha, sucessor, fidalgo da   a Dona Inez de Benauides, sua mulher, em sua uida. E
           Casa Real, que a 20.6.1509 teve mercê de uma tença   porém  mandamos  a  todo-los  nossos  contadores  das
           de  47.365  reais  pelas  rendas  e  direitos  de  Caminha   ditas  comarcas,  e  aos  nossos  almoxarifes  e  rendeiros
           e Valença, que o rei dera ao marquês de Vila Real, o   das  ditas  rendas  e  a  quaisquer  outros  nossos  oficiais
           qual  dera  em  troca  uma  tença  daquele  valor  (ANTT,   e  pessoas  a  que  esta  nossa  carta  for  mostrada  e  o
           Chancelaria  de  D.  Manuel  I,  Liv.  38,  fól.  9v).  Algumas   conhecimento  dela  pertencer,  que  logo  metam  a  dita
           linhas  passaram  depois  a  usar  Benevides  em  vez  de   Inez de Benauides em posse das ditas rendas direitos
           Benavides.                                 delas, e lhe leixem todo ter hauer lograr possuír per si
           192   Pedro  de  Mendanha  ou  Pedro  de  Avendaño,  após   e per quem lhe aprouuer. E assi tão inteiramente como
           a derrota em Toro (1476) rendeu-se ao rei católico D.   pera  Nós  se  arrecadauam,  e  fazer  delo  em  elo  o  que
           Fernando em 1479, tendo imposto como condição que   lhe aprouuer como de sua cousa própria, porquanto de
           se pudesse retirar com todos os seus familiares, criados,   todo lhe fazemos assi mercê, na maneira que dito é, sem
           cavalos e bens, e atravessar Castela até Portugal com   embargo que uns e outros a elo ponham. A qual mercê
           a  sua  bandeira  desfraldada,  pagando  ao  rei  7  000   das ditas rendas e direitos, queremos que se entenda
           florins de ouro. A 3.11.1479 D. Afonso V enviou uma   dês primeiro dia de Janeiro que passou de 1491. E os
           carta à Câmara do Porto onde solicitava alojamento por   ditos nossos contadores farão registar esta nossa carta
           alguns dias para Pedro de Mendanha, alcaide-mor de   em  os  nossos  Liuros  dos  Próprios,  da  dita  comarca,
           Castro  Nuño  e  sua  comitiva,  castelhanos  homiziados   pera se em todo tempo saber a maneira em que esto
           em  Portugal  por  serem  partidários  de  D.  Joana.  Vide   temos dado à dita Dona Inez de Benauides.» Dada em
           “Documentos e Memórias para a História do Porto”, vol.   2 de setembro de 1491. Vicente Carneiro a fez. As quais
           V, p. 242.                                 rendas e reguengo queremos que logre e possua assi
           193  A 23.5.1480 D. Afonso V doou a Pedro de Mendanha,   e  tão  inteiramente  como  as  tinha  e  havia  o  dito  seu
           do  seu  Conselho,  alcaide  de  Castro  Nuño,  enquanto   marido.
           sua mercê for, uma tença de 250.000 reais, assente no   197  Filipa Mendes e Gregório de Benavides foram pais
           almoxarifado do Porto (ANTT, Chancelaria de D. Afonso   de  Inês  Mendes,  moradora  em  Barcelos,  casada  com
           V, Liv. 32, fól. 157).                     João  Monteiro  (pais  de  Gregório  de  Benavides,  que
           194  ANTT, Chancelaria de D. João II, Liv. 18, fól. 52.  tirou ordens de Epístola em Braga a 10.1.1560, e neste
           195  ANTT, Chancelaria de D. João II, Liv. 13, fól. 108v e   mesmo  ano  foi  para  a  Índia,  sendo  referido  como

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