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FRAGMENTA HISTORICA Cristóvão Mendes de Carvalho ‐ História de um alto
magistrado quinhentista e de sua família
3º morgado do senhorio de Águas Belas, de 1439, jurisconsulto, corregedor da corte
fidalgo do Conselho e reposteiro-mor de para a comarca de Entre-Tejo-e-Odiana e
D. Afonso V; de Galiote Pereira, senhor de além-Odiana nos reinados de D. João I e D.
juro e herdade de Lever (24.1.1463), fidalgo Duarte, etc. João Mendes já se documenta
do Conselho e camareiro de D. Afonso V, como vassalo e corregedor da corte de D.
alcaide-mor de Lisboa, couteiro-mor das João I a 25.8.1403. D. João I encarregou
perdizes do termo dessa cidade, alcaide-mor João Mendes, corregedor da Corte, de
de Castelo Mendo, senhor dos direitos de compilar todas as leis extravagantes,
Montemor-o-Novo, etc.; de Diogo Pereira, sendo a tarefa ultimada em 1446 por seu
governador da Casa do infante D. João e filho homónimo, também corregedor da
comendador-mor da Ordem de Santiago corte, surgindo as Ordenações Afonsinas,
(1420-1427) e nesta ordem comendador assim denominadas em homenagem ao
de Castro Verde e alcaide-mor de Mértola monarca então reinante, Afonso V.
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(1420), etc.; e de D. Henrique Pereira, fidalgo Documenta-se que João Mendes foi senhor
do Conselho (1454), comendador-mor da da herdade coutada de Santa Margarida,
Ordem de Santiago (pelo menos desde em Évora, e que era neto de Lourenço
1453), escrivão da puridade, chanceler-mor Mendes, escudeiro, e sobrinho de Fernão
e vedor das terras do infante D. Fernando, Lourenço, escudeiro, sendo este pai de Lopo
etc., que teve mercê de tratamento de Fernandes e Diogo Fernandes. Com efeito,
Dom para si e seus descendentes (1454); a 8.1.1435 D. Duarte confirmou o privilégio
todos filhos de Álvaro Pereira, 2º morgado de coutada a João Mendes “corregedor que
do senhorio de Águas Belas (Ferreira do ora he na estremadura” e a Lopo Fernandes,
Zêzere), que esteve na tomada de Ceuta filho de Fernão Lourenço, escudeiro, que
(1415) e foi senhor dos direitos reais e foi morador em Évora, constante de uma
rendas das vilas de Sousel, Estremoz, Borba carta que foi dada por D. João I a Lourenço
e Vila Viçosa, em sua vida, por doação de Mendes, “padre do dcto ferna l tio do dcto
ço
seu tio o condestável Nuno Álvares Pereira, Johane mendez”. Acrescenta esta carta
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e de sua mulher Isabel da Cunha, filha que D. João I ainda confirmou o couto ao
Martim Gonçalves (do Carvalhal) , tio dito Fernão Lourenço, numa carta onde
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materno do antedito condestável, que lhe se dizia que, depois da morte de Lourenço
doou as rendas e direitos reais de Tavira e
Evoramonte. Beatriz Pereira era já viúva, de Pedro Esteves e Maria Anes, a quem D. João I em
com geração, do Doutor João Mendes 1396 aforou umas casas em Lisboa, e neta materna de
(Aguada) , n. cerca de 1373 e fal. no início João Anes, marceiro, e sua mulher Constança Garcês.
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Portanto, o corregedor João Mendes não tinha qualquer
relação com Inês Pires, e muito menos era seu irmão.
caseiros, enquanto for viúva (ANTT, Chancelaria de D. Na verdade, documenta-se que João Mendes, senhor
Afonso V, Liv. 19, fól. 4). da herdade coutada de Santa Margarida, em Évora, era
162 Tema desenvolvido em “Ensaio sobre a origem dos filho de Afonso Martins e sua mulher Catarina Mendes,
Carvalhal”, trabalho do autor ainda por editar. sendo esta filha legitimada por carta real de 9.7.1389
163 Alão (ob. cit., PEREIRAS, de Gege, §1) chama-o João (ANTT, Chancelaria de D. João I, Liv. 2, fól. 47 e 50 e
Mendes da Guarda, di-lo corregedor da corte de D. 50v, havida em Catarina Afonso) de Lourenço Mendes,
Duarte e casado com Isabel Pereira (na verdade Beatriz, escudeiro, senhor da dita herdade coutada de Santa
como se documenta). E considera-o irmão de Inês Pires Margarida.
(a quem erradamente chama Inês Fernandes Esteves), 164 A compilação consistiu em reunir as normas do
a amante do mestre de Avis e mãe do 1º duque de Fuero Juzgo, também chamado Código visigótico ou
Bragança, que depois foi comendadeira de Santos Lex Romana Visigothorum, legislação dos hispano-
(cargo que ainda exercia em 1425), dando ambos romanos e visigodos, acrescido dos forais e leis gerais,
como filhos de Fernando Esteves ou Mem da Guarda estas aplicáveis em todo o reino. Em 1495 D. Manuel
ou daGuada, sapateiro que viveu em Veiros. Também I resolveu elaborar uma nova compilação, concluindo
D. António Caetano de Sousa aceita este João Mendes o trabalho em 1521, dando-se a este o título de
“daGuada” como irmão de Inês Pires (a qual é certo Ordenações Manuelinas.
que teve um irmão Gil Pires, que se diz tio do “senhor 165 ANTT, Chancelaria de D. Duarte I, Liv. 1, fól. 119v e
conde”). Mas documenta-se que Inês Pires era filha 120.
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