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FRAGMENTA HISTORICA Cristóvão Mendes de Carvalho ‐ História de um alto
magistrado quinhentista e de sua família
Resenha genealógica morreu nonagenário em Setembro de
1. Lourenço Mendes (de Vasconcellos) , n. 1407, a quem D. Fernando I confirmou a
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cerca de 1400 e fal. cerca de 1460, senhor 28.2.1374 o couto da sua quintã e honra
da honra e quintã coutada de Nomães, em de Nomães, no julgado de Vermoim, como
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Ruivães, julgado de Vermoim. Lourenço fora de seus antepassados. Tudo indica
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Mendes sucedeu nesta quintã e honra que seja o Lourenço Mendes, morador
coutada directamente a seu avô paterno no termo de Monção, que a 25.6.1456 foi
Gonçalo Mendes de Vasconcellos , que nomeado meirinho do Entre-Lima-e-Minho,
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em substituição de Vasco Fernandes, que
morrera. Tudo indica que tenha sido
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149 Referido como Lourenço Mendes de Vasconcellos
em José Manuel da Costa Felgueiras Gayo, “Nobiliário também senhor da quintã de Vila Maior,
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de Famílias de Portugal”, VASCONCELLOS, §67 = em Vouzela , que se documenta na posse
Quinta de Ruivains e Sr.es da honra de Nomaens. de seu neto o Dr. Cristóvão Mendes de
Cristóvão Alão de Moraes, na sua “Pedatura Lusitana”, Carvalho. Com efeito, as inquirições de 1288
CARVALHOS, de Rui Mendes, começa a genealogia desta dizem que a honra e quintã de Vila Maior foi
família em seu filho Rui Mendes, dizendo que “alguns 155
lhe dão o apelido de Vasconcellos”. Afonso de Torres, de Estevão Peres de Tavares e de sua irmã.
no seu chamado “Nobiliário de Torres” (1º quartel do
séc. XVII), Tomo IV, CARVALHOS, autor em geral mais de 1339 de padroeiros de Mancelos. E é referido na
credível e cronologicamente mais próximo, neste caso lista de Grijó de 1365, juntamente com seus irmãos. A
engana-se clamorosamente na genealogia inicial destes 7.10.1369 teve a terra de Pereira, no termo de Coimbra.
Carvalho. Refere apenas seu filho Rui Mendes, contador A 10.3.1372 foi senhor de juro e herdade de Soalhães,
de Entre-Douro-e-Minho e senhor da terra de Cunha- Gondiços e Duas Igrejas de Val de Pombos, no julgado de
a-Velha pelo casamento com Beatriz (na verdade Ana) Vila Chã. A 12.12.1372 teve a terra de Frades e os casais
Rodrigues de Carvalho, que erradamente diz filha de um de Sendim, Gondinhães e Duas Igrejas. A 28.2.1374
Martim Afonso de Carvalho (que diz descendente de D. Fernando confirmou-lhe o couto da sua quintã de
Henrique de Carvalho) e sua mulher Maria de Alvim. Na Nomães e Ruivães, no julgado de Vermoim, como já
verdade, não me foi possível documentar coevamente ficou dito. A 15.3.1377 confirmou-lhe o couto da sua
este Lourenço Mendes. Embora algumas genealogias quintã de Penela, como tinha seu pai Mem Rodrigues
lhe dêem o nome Vasconcellos, é certo que seu filho Rui de Vasconcellos. Em 1378 teve a jurisdição de Soalhães,
Mendes não se documenta com este nome, bem como Vila Chã, Loivos e Penela. A 8.6.1378 teve as rendas da
seus filhos e netos. Só na geração dos bisnetos deste Rui vila da Lousã. A 11.4.1380 teve em préstamo os casais
documento pela primeira vez em fonte primária coeva o de Vizela, no termo de Guimarães. A 15.11.1382 teve
uso do nome Vasconcellos. mercê das rendas e direitos de Coimbra. A 7.3.1383
150 Nomães é hoje um lugar da freguesia Ruivães, no teve confirmação do préstamo da terra de Várzea.
concelho de Vila Nova de Famalicão. A 19.5.1384 teve confirmação das rendas da Lousã.
151 Gonçalo Mendes de Vasconcellos está sepultado A 27.9.1384 teve mercê da portagem de Coimbra. A
em São Domingos de Coimbra, onde depois puseram 16.4.1385 teve mercê do senhorio de juro e herdade do
o seguinte epitáfio: “Aqui jaz Gonçalo Mendes de reguengo de Cantanhede, como tinha D. Álvaro Pires de
Vasconcellos que foi hum dos bons caualleiros que ouve Castro. E a 20.4.1389 foi senhor de juro e herdade da
em seu tempo em Portugal e sua mulher dona Tareja Lousã, em troca pelo reguengo de Cantanhede.
Ribeira e seu filho Ruy Mendes e dona Leanor Pereira 152 ANTT, Chancelaria de D. Fernando I, Liv. 1, fól. 141.
mulher que foi de Joane Mendes que se finou a 20 de Diz esta carta real que “querêdo fazer gça e mcee a
Setembro de 1440” (esta data deve referir-se ao filho gonçallo meêdez de uasconcellos nosso uassalo teemos
João Mendes, pois não pode ser a da morte de Gonçalo por bem e coutamos lhe a sua quintaa de nomãees q
Mendes). Gonçalo Mendes de Vasconcellos foi senhor esta no julgado de uermõy como e pella gra q lhe foe
de juro e herdade de Soalhães (10.3.1372), da Lousã sempre honrada e coutada em tpo dos reis que ante nos
(20.4.1389), de Penela (15.3.1377), de Penagate, de forom ¶ E que outossy o dto gonçallo meendez possa
Vila Chã e de Larim, 1º morgado de Arega (7.8.1329) em el poer jujz ou jujzes do cíuel (…) em a dta sua trra
e de Fonteboa (1.6.1350), fidalgo do Conselho (1378), e honrra Resuando pa nos a correyçam moor e que as
alcaide-mor de Coimbra (25.7.1373), senhor da quintã apelações que forê p ante o dito gº meendez que depois
da Cavalaria, em Vouzela (ANTT, Liv. 1 da Beira, fól. 67v), del vêha pª nos”.
etc. O morgadio de Fontebela foi instituído por seu tio 153 ANTT, Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 13, fól. 57.
materno D. Martinho, bispo de Évora, que o nomeou 154 Ficava na freguesia do mesmo nome, então do
1º administrador. O morgadio de Arega, junto a Chão concelho de Vouzela e hoje do concelho de São Pedro
do Couce (Coimbra), fora instituído para si por seu tio do Sul.
materno o bispo de Lisboa D. João Afonso, a 7.8.1329, 155 José Augusto de Sottomayor-Pizarro (edição),
com tudo o que tinha na Beira. Gonçalo Mendes de Portvgalia Monvmenta Historica: a Saecvlo Octavo
Vasconcellos já aparece, entre os infanções, na lista post Christum vsque ad Qvintumdecimvm ivssv
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