Page 33 - 5
P. 33

Manuel Abranches de Soveral                                   FRAGMENTA HISTORICA


             Ora, Lourenço Mendes (de Vasconcellos) em   20.9.1440, 2º senhor de juro e herdade de
             epígrafe  era  4º  neto  dessa  irmã,  D.  Maria   Soalhães, 5º morgado de Soalhães, senhor
             Peres  de  Tavares,  que  casou  com  Rodrigo   de juro e herdade de Penela (metade), 2º
             Afonso  Ribeiro,  alcaide-mor  do  castelo  da   morgado de Arega e Fonteboa, alcaide-mor
             Feira , etc. Dos quais foi filha sucessora D.   de  Estremoz,  etc.,  casado  com  D.  Leonor
                 156
             Leonor  Rodrigues  Ribeiro,  que  casou  com   Pereira ,  irmã  do  condestável  D.  Nuno
                                                              160
             Vasco  Anes  de  Soalhães ,  2º  morgado    Álvares  Pereira.  Lourenço  Mendes  casou
                                  157
             de  Soalhães.  Destes  foi  filho  sucessor  Rui   em  1442 com Beatriz Pereira, n.  cerca de
             Vasques Ribeiro, 3º morgado de Soalhães, do   1403, que a 23.33.1439 estava viúva do 1º
             qual foi filha sucessora D. Tereza Rodrigues   matrimónio.  Era irmã de Lisuarte Pereira,
                                                                   161
             Ribeiro , casada com Gonçalo Mendes de
                   158
             Vasconcellos, sendo estes avós do Lourenço   fazenda real. Este ignorou a ordem e deixou correr o
             Mendes  (de  Vasconcellos)  em  epígrafe.  É   processo à revelia, pelo que os seus bens foram vendidos
             provável que este, tal como herdou do avô   também à revelia, sendo-lhe anunciada a arrematação:
             a quintã e honra de Nomães, tenha herdado   a Lousã por 1.700 dobras, Vila Chã e Penagate por 120,
                                                      Soalhães  por  150,  Penela  por  700  e  Larim  por  210.
             directamente da avó a quintã e honra de Vila   Reagiu então João Mendes, que reclamou da avaliação,
             Maior. Lourenço Mendes (de Vasconcellos)   acabando por acordar o seguinte: a Lousã passaria para
             era  filho  natural  de  João  Mendes  de   a coroa por 4.000 coroas e as restantes 3.300 coroas
             Vasconcellos ,  n.  cerca  de  1358  e  fal.  a   seriam em parte abatidas nas rendas das restantes terras
                       159
                                                      que não recebera durante o sequestro e o resto pago
                                                      em  dois  anos.  Ficou  assim  João  Mendes  com  Penela,
           Academiae Scientiarum Olisiponensis Edita Inqvisitiones   Vila Chã, Larim e Soalhães, tudo confirmado por carta
           -  Inquirições  Gerais  de  D.  Diniz  de  1288.  Sentenças   real  de  13.9.1413.  Mas,  entretanto,  Gonçalo  Mendes
           de1290 e execuções de1290. Nova Série, Volume IV/2,   deixara  à  fazenda  real  outra  dívida  de  2.500  dobras
           Lisboa, Academia das Ciencias de Lisboa, 2015, p. 597.   de ouro, pelo que o rei tomou como penhor outra vez
           Esta  honra  e  quintã  de  Vila  Maior  fora  de  D.  Teresa   Penela, Penagate, Landim, Vila Chã e Soalhães. Os dois
           de Vila Maior, ainda referida nas inquirições de 1258,   filhos vivos à data da morte de Gonçalo Mendes, este
           mulher de D. Pedro Viegas de Tavares, o 1º deste nome.  João Mendes e seu irmão D. Mem Rodrigues, mestre da
           156  José Mattoso e outros, “O Castelo e a Feira”, Estampa   Ordem de Santiago, não se entenderam nas partilhas
           1989, p. 169.                              e demandaram o rei, tendo D. Duarte decidido dividir
           157  Legitimado por carta real de D. Dinis de 28.1.1308,   em  partes  iguais  as  terras  e  as  dívidas,  ficando  João
           na qual lhe chama Vasco Anes, seu vassalo, filho de D.   Mendes, para além dos morgadios de Soalhães, Arega
           João, bispo de Lisboa (ANTT, Chancelaria de D. Dinis, Liv.   e Fonteboa (bens de raiz), com o senhorio de Soalhães
           3, fól. 39). D. João Martins de Soalhães, arcebispo de   e metade do de Penela, e Mem Rodrigues com a outra
           Braga (1323), bispo de Lisboa (14.3.1294), etc., instituiu   metade  de  Penela  e  Vila  Chã,  Larim  e  Penagate.  De
           o morgadio de Soalhães (ou da Torre de Cadimes) em   todo  este  acordo,  incluindo  a  dívida  de  Rui  Vasques,
           1304.                                      teve  João  Mendes  carta  de  quite  a  8.4.1420.  Mas  a
           158   Foi  sepultada  em  S.  Domingos  de  Coimbra,  em   27.5.1417 já D. João I tinha feito mercê da dita dívida
           túmulo  que  tinha  o  seguinte  epitáfio:  «Aqui jaz dona   de 2.500 dobras a Gonçalo Pereira, para casar com D.
           Tareja  Ribeira  molher  que  foi  de  Gonçalo  Mendes  de   Beatriz de Vasconcellos, filha do dito D. Mem Rodrigues,
           Vasconcellos e finou-se a 21 de Julho de 1428 e foy huma   a quem o irmão Diogo Mendes de Vasconcellos cedeu
           das boas donas que em seu tempo ouve em Portugal».  toda a sua legítima a 17 do mês seguinte. De forma que
           159  Apesar dos irmãos mais novos apoiarem do mestre   este  casal  acabou  por  ficar  com  metade  de  Penela  e
           de  Avis,  João  Mendes  começou  por  apoiar  a  rainha   Vila Chã, Larim e Penagate, que a 7.7.1441 vendeu ao
           D.  Beatriz.  Sendo  alcaide-mor  de  Estremoz,  deu  voz   8º conde de Barcelos. D. Joana Pereira e João Mendes
           contra o mestre, mas fui expulso pela população. Mais   de Vasconcellos só tiveram filhas, sendo a mais velha
           tarde veio a servir D. João I, acabando por casar com   e sucessora D. Maria de Vasconcellos, 2ª mulher de D.
           uma irmã do condestável. João Mendes foi o sucessor   Afonso da Guerra, senhor de Cascais, c.g. nos condes de
           de seu pai Gonçalo Mendes de Vasconcellos na maior   Penela. Da 2ª descendem os senhores de Roriz.
           parte dos bens da coroa. Mas este devia a seu neto Rui   160   Sepultada com seu  marido  em São  Domingos  de
           Vasques Ribeiro (de Vasconcellos), de quem fora tutor,   Coimbra,  com  o  seguinte  epitáfio:  “Aqui jaz dona
           uma  quantia  que  o  próprio  Gonçalo  Mendes,  no  seu   Leonor  Pereira  molher  que  foi  de  Joanne  Mendes  de
           testamento, avalia em 4.000 libras, mais 200 marcos de   Vasconcellos,  irmã  do  Condestable  don  Nuno  Alvarez,
           prata lavrada e umas quintãs no Entre-Douro-e-Minho.   que se finou a 18 de Abril de 1449, foi hua das boas
           Rui Vasques, contudo, discordou das contas do avô e   donas que ouve em Portugal”.
           requereu ao rei nova avaliação, ficando então a dívida   161   A  23.3.1439  D.  Afonso  V  deu  carta  de  privilégio
           estimada em 7.300 coroas de ouro, que o rei lhe pagou,   de  fidalga  a  Beatriz  Pereira,  mulher  que  foi  de  João
           exigindo  a  João  Mendes  que  pagasse  esta  quantia  à   Mendes,  corregedor  da  corte,  para  todos  os  seus


                                                                                         33
   28   29   30   31   32   33   34   35   36   37   38