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Uma das questões que se levantam no debate sobre a ética empresarial é saber se

                  a actividade de gestão deve, ou não, adoptar os mesmos valores das outras áreas da vida
                  social.

                         Em certas actividades, a ética é visível. Um juíz, um sacerdote ou um médico

                  estão conscientes da carga ética da sua acção. Apesar de, por vezes, a cumprirem de
                  uma  forma  “rotineira  e  mecânica”,  em  geral,  temos  (nós  e  eles)  uma  percepção  da

                  relevância  moral  dessas  actividades.  Nas  empresas  as  coisas  não  deviam  ser  muito
                  diferentes. Porque aqui tomam-se decisões que afectam a vida das pessoas (J.C.Neves,

                  2008).
                         Durante  muito  tempo,  devido  à  dificuldade  em  cumprir,  ao  mesmo  tempo,

                  critérios éticos e de natureza económica, pensou-se que só uma versão “mitigada” da

                  ética  possibilitaria  ao  gestor  solucionar  os  dilemas  éticos  que  surgissem  e  ser  bem
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                  sucedido na sua actividade .
                         Apesar de qualquer decisão empresarial ter uma dimensão ética (tal como tem
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                  uma  dimensão  financeira,  de  mercado,  etc. ),  considerar  a  utilização  de  critérios  de
                  características morais no processo de gestão é interpretado como um sinal de fraqueza,
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                  de ineficiência, etc.  Esta situação resulta do pretexto da separação aristotélica entre o
                  universo  privado  e  o  universo  empresarial,  a  que  corresponderiam  dois  sistemas  de
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                  valores distintos :
                      -  A prosperidade e o lucro fazem parte dos valores empresariais.

                      -  A  responsabilidade  social  das  empresas  limita-se  à  utilização  dos  recursos  da

                  empresa de modo mais eficiente para que aumentem os seus resultados e o valor para o
                  accionista.

                         Autores como Carr (1989) citado por Rego et al. (2007b) reconhecem que os
                  níveis  de  competição  existentes  no  mundo  dos  negócios  só  encontram  alguma

                  similaridade  com  os  dos  jogo.  Assim,  segundo  o  autor,  desse  ponto  de  vista,  há
                  legitimidade em aplicar ao meio empresarial a ética do jogo e não a da ética privada.

                         Daqui percebe-se que determinados comportamentos inaceitáveis noutras áreas

                  são aceitáveis no meio empresarial pois fazem parte das “regras do jogo” e da natureza
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                  das interacções que ocorrem em contexto de negócio . Esta ideia parece sugerir que a

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                    O`Neil & Pienta, (1994), cit. in Rego et al., (2007b).
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                    Werhane & Freeman (1999) citados por Rego et al. (2007b).
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                    Bird & Waters (1989) citados por Rego et al. (2007b).
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                    Kitson  & Campbell (1996) citados por Rego et al. (2007b).
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                    Carson (1993); Cabral-Cardoso (1998) citados por Rego et al. (2007b).
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