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Segundo Rego et al., (2007b), a crescente oferta de cursos de ética não reúne

                  consenso acerca da sua valia e eficácia. A introdução da ética nos planos de estudo em
                  gestão baseia-se em  pressupostos que merecem a nossa reflexão:

                        O comportamento ético pode ser ensinado já na vida adulta.

                        O ensino formal pode ser um método eficaz de aprendizagem ética.
                        O teor ético dos comportamentos dos indivíduos depende da sua vontade, sendo

                         suficiente aplicar “os conhecimentos” adquiridos. Desvaloriza a importância dos
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                         factores circunstanciais e organizacionais .
                         Ainda  segundo  os  mesmos  autores,  há  razões  para  acreditarmos  que,  na  fase

                      adulta,  há  uma  influência  significativa  dos  valores  aprendidos  na  infância  e  na
                      adolescência. De igual modo, o ensino tradicional (expositivo) não possui, muitas

                      vezes, o complemento da prática e revela inadaptação aos contextos, daí que seja
                      apelidado de ingénuo.

                         Em  suma,  aprender  ética  pode  não  ser  a  forma  mais  adequada  para  actuar

                      eticamente  em  situações  reais.  Existem  motivos  para  se  admitir  que  o
                      comportamento  dos  indivíduos  é  determinado  pelo  contexto organizativo  em  que

                      estão inseridos. É possível que depois de frequentar um curso de ética um jovem

                      aspirante  a  gestor  esteja  determinado  em  actuar de  uma  forma  ética  no  trabalho.
                      Contudo, as circunstâncias que irá encontrar na organização podem condicioná-lo

                      ou impedi-lo de assim actuar.
                  3.4. O papel dos Códigos de Ética

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                                          “Um código ético  (ou uma declaração de princípios,
                                   um ideário, uma carta de intenções, etc.) é um documento em
                                   que  a  empresa  estabelece  certos  objectivos  de  carácter  ético

                                   que deseja conseguir, dentro e fora da mesma, isto é, com os
                                   fornecedores de capital de risco, trabalhadores, directivos, etc.,
                                   e/ou  com  clientes,  fornecedores,  instituições  financeiras,
                                   comunidade local, economia nacional, etc.(Moreira, 2008)”.







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                    Duska (1991); Lovell (2002); Trevino & Nelson (2004) citados por Rego et al. (2007b).
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                    Muitas vezes os conceitos “código de ética” e “código de conduta” são usados de uma forma aleatória.
                  O “código de conduta” fixa condutas e práticas relacionadas com resultados e virtudes, nomeadamente a
                  pontualidade e o rigor (Rego et al., 2007b). Há empresas que utlizam estes dois documentos, como é o
                  caso do grupo Auchan, que analisaremos no último capítulo deste trabalho.

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