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Apesar  de  todas  estas  vantagens,  estes  instrumentos  apresentam  alguns

                  problemas e limitações, tais como (Rego et al., 2007b):
                               É  difícil  incluir  nos  códigos  a  enormidade  de  problemas  que  podem

                                acontecer. De igual modo, uma especificação exagerada  pode ocasionar

                                rigidez, dificultando a aplicabilidade a situações não esperadas.
                               Não existe consenso sobre se o código deve destacar o aspecto positivo

                                (“o  que  deve  ser  feito”)  ou  o  aspecto  negativo  (“o  que  é  proibido”).

                                Alguns  autores  consideram  que  deve  ser  adoptado  o  aspecto  positivo
                                porque a orientação negativa pode dar origem a  atitudes negativas por

                                parte  dos  colaboradores.  Por outro  lado,  há  investigações  que  indicam
                                que  há  mais  vantagens  com  o  teor  negativo  do  que  com  o  positivo

                                (Schartz, 2004 citado por Rego et al., 2007b).
                               A existência do CdE não garante que a empresa seja ética. É possível que

                                haja uma tentativa de encobrir práticas menos claras ou, ainda, desviar as

                                atenções das mesmas.
                         A mesma opinião é partilhada por Moreira (2008) que alude que a imposição per

                  si do CdE não assevera que as empresas tenham um comportamento ético. O que fazer,

                  então?
                         A resposta parece estar na idéia que aqueles devem ser vistos como o princípio

                  de  um  programa  organizado  com  a  finalidade  de  introduzir  a  ética  nas  acções
                  quotidianas (Rego et al.(2007b).

                         Quando os princípios descritos no código são  integrados nas acções correntes
                  dos  colaboradores  e  na  cultura  da  organização  é  que  podemos  falar  na  verdadeira

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                  eficácia  do  código.   Com  efeito,  o  processo  de  produção  e  implementação  de  um
                  código merece mais atenção do que o próprio código.
                         3.4.2. Os códigos de ética são eficazes?

                         De  acordo  com  uma  pesquisa  realizada  em  Portugal  em  2003,  em  que
                  participaram os gestores de 123 empresas nacionais, 42 por cento mencionaram que as

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                  suas  organizações  adoptavam  esse  documento . Questionados  porque razões  as  suas
                  empresas assumiam responsabilidades sociais, 56 por cento referiram que “é isso que se





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                     Stevens (1999); Nijhof, Cludts, Fisscher & Laan (2003) citados Rego et al.(2007b).
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                    Este trabalho já tinha sido realizado em Espanha, verificando-se uma percentagem muito semelhante,
                  41 por cento (Rego, 2003).
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