Page 12 - O vilarejo das flores
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A vida deles era pacata e cheia de paz e amor.
Toda manhã, depois do desjejum, Aimeé saía em direção ao
vale. Passava pelo campo de flores e ia visitar um bando de cavalos
que pastavam ali. Sentava-se no meio das flores e olhava os animais,
ficava contemplando eles se divertindo. Aimeé sentia-se sozinha
por não ter mais irmãos, por isso cuidava dos animais com muito
carinho. Não dos cavalos, pois estes nem a deixavam chegar perto,
mas em sua casa havia muitos e os tratava como se fossem irmãos.
Recentemente, ela havia descoberto essa família de cavalos selvagens
e passou a admirá-los, ainda mais depois de ter visto o parto de um
potrinho que trotava feliz da vida no vale.
Certo dia, ao chegar ao vale, viu cinco meninos com cordas
olhando para os cavalos. Desconfiando da intenção deles, Aimeé
correu na direção dos animais e gritou. Assustada, a manada correu.
Os meninos, injuriados com a reação dela, começaram a ofendê-la.
Um rapaz aparentando uns 18 anos foi na direção dela e debochou:
—O que foi garotinha? Está treinando para sua aula de canto?
—Não vou deixar vocês pegarem animal algum. – Disse Aimée
firme, mas receosa.
—Por acaso eles são propriedade sua? - desafiou ele.
—Não é propriedade de ninguém. Eles são uma família, se separá-
los ficarão tristes.
—Ficarão tristes? -zombou ele- São animais! O que eles entendem
de tristeza?
—Você não entende, porque é um grosso. Os animais têm sentimentos
como nós.
—Você não deveria estar em casa brincando com as bonecas,
riquinha? - debochou ele - Não se intrometa em assuntos de homens.
—Que homens? Se eu brinco com bonecas, vocês ainda devem ter
seus cavalinhos de pau- zombou Aimeé com as mãos na cintura.
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