Page 41 - O vilarejo das flores
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gelada. Aimeé molhou os pés e ficou no raso, sentada em uma pedra
        tomando sol com os olhos fechados. Francis chegou logo depois.

               Sem fazer alarde de sua presença, tirou as vestes, ficando
        apenas com a roupa de banho. Subiu em uma árvore e saltou. Aimeé
        ficou toda molhada.
        —Olá! – cumprimentou Francis com a cabeça de fora d’água, como

        se nada tivesse acontecido.
        —Seu!!!- ameaçou Aimeé irada e encharcada.
        —Olha a boca! – brincou ele – A Grande Mãe não quer que seus filhos
        se insultem. Devemos ter tolerância, paciência, etc, etc..- zombou.

        —Estou com frio. – Disse aborrecida.
        —Venha mergulhar um pouco. Se ficar fora d’água, vai sentir mais
        frio.
        —Não. Estou bem aqui. - Respondeu ela desfazendo a trança de seu

        cabelo.
        —Não tinha reparado como seu cabelo é comprido. Fica bonita de
        cabelos soltos.
        —Obrigada. - disse ela corando.

        —Eu acho lindo quem tem cabelos compridos. – disse ele nadando
        para perto dela sentando-se a seu lado. – Minha mãe tinha cabelos
        compridos. Quando eu era pequeno, ela me deixava penteá-los.
        —Sua mãe lhe faz muita falta, não é?

        —Era minha melhor amiga. Amava a todos nós, mas comigo tinha
        uma ligação especial. No dia da morte dela, eu tinha saído para fazer
        uma entrega. No meio do caminho senti uma sensação desagradável
        e voltei correndo. Quando cheguei, meu pai e meus irmãos estavam

        chorando do lado de fora. Entrei e a encontrei sem vida. Depois
        disso, meu pai passou a beber, tive que cuidar de um irmão recém-
        nascido e trabalhar para sustentá-los. Por isso que não acredito mais
        em nada, sabe?

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