Page 37 - O vilarejo das flores
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Francis acordou muito bem-disposto. Preparou o café e
acordou os irmãos. Febo e os outros estranhavam o comportamento
do irmão. Francis sempre foi responsável, mas esse bom humor era
incomum. O pai, desconfiado, latia toda vez que ele chegava da rua:
—Isso é mulher! Dando dinheiro para uma vagabunda! - o ofendia
demasiadamente embriagado. Francis não aguentou esse comentário
e o imprensou contra a parede com olhar de raiva.
—Melhor dar dinheiro para uma mulher que me faz bem, do que o
senhor o gastar com bebidas!
O pai, sem reação, acabou caindo e dormindo no chão.
Todos foram para a feira. A energia de Francis estava tão boa que a
barraca lucrava muito.
O dia passou lento para os dois. Aimeé, na praça, junto
com Sancler e Bibiana ensaiavam as últimas músicas. Aimeé estava
apreensiva por não ter recebido uma flor ainda. Já havia feito esse
pedido antes em situações de dúvida e sempre teve bons resultados.
Dessa vez sentia uma pequena tristeza. “E se eu não receber? Quer
dizer que essa amizade não é um bom sinal? Mas ele vai ficar me
esperando.” O ensaio acabou e Aimeé via com ansiedade a hora
do almoço chegar. Olhou para Sancler ansiosa. Ele percebeu algo
estranho e a interpelou :
—O que foi?
—Nada. As flores não estão bonitas hoje? – perguntou ela.
—Tem razão. Acho que vou levar algumas para minha mãe.
Aimeé ficou frustrada com o comentário dele. Esperava ganhar uma.
—Vou me arrumar, e encontro você na casa do Sancler. Aimeé? -
perguntou Bibiana agitando a mão na frente do rosto dela- O que
foi?
—Nada. – disse Aimeé despertando do transe – Hoje é aniversário
da mãe do Sancler?
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