Page 32 - O vilarejo das flores
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Quando acabou o ensaio, Sancler convidou as duas para o
aniversário de sua mãe no dia seguinte. O pai dele ia fazer um almoço
para comemorar. As duas confirmaram presença e ele despediu-se.
Aimeé estava temerosa por encontrar Francis. As pessoas de
seu vilarejo não viam com bons olhos a amizade com as pessoas do
Vilarejo da Colina, porque “não eram confiáveis” dizia sua mãe. Com
todo cuidado ela perguntou a Bibiana sobre uma possível amizade.
—Está louca?- Foi a resposta dela.
Bibiana enumerou os obstáculos na amizade
—Podem te roubar, te enganar. Mesmo que isso possa acontecer
não são iguais a nós. Ficaríamos sempre com o receio. Eles não
querem mudar de vida, só querem ficar naquela mesmice. Minha
mãe ofereceu emprego para uma daquelas mulheres e a pegamos
roubando. Melhor só ajudar de longe. Já ajudamos na feira. O que
eles podem querer mais? - dizia ela – Tire essa ideia da cabeça!
Aimeé vendo que não tinha jeito saiu com pretexto de
almoçar e despediram-se. Voltou para casa um pouco triste. Com
a mesa posta, Aimeé almoçou, esperou o cochilo dos pais e saiu.
Chegou ao vale e viu Francis sentado numa clareira.
—Boa tarde! – disse ela apoiando as mãos nos joelhos.
Francis sentiu a fragrância de lírios inundarem seu nariz de novo.
—Boa tarde. – respondeu ele abrindo um sorriso.
—Está aqui há muito tempo? - perguntou Aimeé sentando.
—Não. Acabei de chegar.
—Demorei porque tive que ajudar em casa.
—Não demorou. Mas mesmo que o fizesse, esperaria o dia todo.
Aimeé na mesma hora corou. Tentando disfarçar o embaraço pelo
comentário dele, perguntou:
—Como foram as vendas hoje?
—Foi tudo bem. Vendemos a maioria da mercadoria.
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