Page 30 - O vilarejo das flores
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—Aqui?
        —É. Pode dizer: “GRANDE MÃE, ESTÁ MUITO ERRADA!” -

        gritou ela para o alto.
        —Humm. - murmurou ele- Sua Grande Mãe é como você chama o
        seu Deus. Pensei que fosse alguma curandeira, maga...- enumerou
        ele caçoando- Nunca se sabe?

        —Não! - disse ela rindo. – Não é o meu Deus. Ele tem vários nomes.
        Mas para mim é uma energia de amor que tudo perdoa e tudo acolhe,
        como as mães, por isso chamo de Grande Mãe.  Através da fé nós
        encontramos esse amor.

        —Eu tive isso quando minha mãe estava viva. Mas deixei de acreditar
        quando ela se foi e levou tudo com ela. – lamentou-se com os olhos
        marejados.
        —Faz muito tempo que ela morreu? – perguntou ela colocando a

        mão no ombro dele.
        —Faz oito anos. Nós, às vezes passávamos horas conversando,
        cozinhando. Ela era maravilhosa. Tudo era felicidade com ela, até
        meu pai. – ele limpou as lágrimas e olhou para o outro lado.

        —Sabe, às vezes, os desafios que temos que enfrentar não são fáceis.
        Mas são nestes momentos que encontramos a força para continuar e
        vencer. – explicou ela tentando consolá-lo.
        —Então tenho que encontrar essa força? – disse Francis olhando

        para ela – É tão fácil conversar com você.
        —Agradeço pela confiança.- disse ela sorrindo e olhando para ele
        —Que bom que você acha isso. – continuou ela abaixando a cabeça
        e disfarçando o embaraço - Porque você é bem difícil. - murmurou.

        Francis sorriu, ainda encarando-a.
        —Está anoitecendo, preciso ir. - disse ela fugindo dos olhares dele.
        —É verdade. Podemos continuar a conversa amanhã?
        -Bem, se você gostou, podemos sim. Preciso ir agora, até amanhã. -

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