Page 50 - O vilarejo das flores
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tivesse recuperado o ânimo, Francis não saía de sua mente. “O pai
dele pode não ter deixado. ” Dizia para si mesma. “Ele pode ter vindo
e eu não o vi.” Inflou seu peito de esperança com essa ideia, mas logo
murchou.
—Que boba sou. Claro que eu veria se ele tivesse vindo. – falava
Aimeé em tom baixo consigo mesma – Ele não veio porque não está
interessado e só queria me usar e me enganar. Quem ele pensa que
eu sou?
—Uma doida que fala sozinha. – falou uma voz.
—Doida? - Aimeé levou um susto e virou-se rápido e viu Francis
sorrindo para ela. Trajava uma blusa branca, calça preta, uma cartola
velha e uma máscara de papel preto. Aimeé ficou olhando para ele
sem dizer uma palavra. Queria tanto vê-lo. Agora ele estava ali e ela
não sabia o que dizer. Seu coração batia desenfreadamente.
—Está linda! – disse ele quebrando o gelo e olhando nos olhos dela.
—Obrigada. - disse ela abaixando a cabeça – Você está aqui há muito
tempo?
—Estou. Queria me aproximar, mas você sempre estava com alguém.
Achei melhor esperar.
—Aconteceu algo contigo ontem?
—Aconteceu que eu não tinha trajes apropriados para vir. Hoje
consegui este. Fui pegando aqui e ali e saiu uma fantasia de... nem
sei que fantasia é essa. – disse ele sem jeito. - Mas queria te ver.
Aimeé lembrou que Francis era pobre e nem sempre poderia
estar nos lugares que ela estava. Sentiu-se envergonhada de se
preocupar tanto por motivos banais. Afastou esses pensamentos e
continuou.
—Você poderia ter falado comigo, te emprestaria algumas roupas.
—Obrigado, mas eu não uso roupas femininas. – Brincou ele
—Não! – Aimeé tentava consertar sua frase em meio às risadas –
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