Page 92 - Fortaleza Digital
P. 92
- Bem, quem ficou com ele, então?
- O alemão! O alemão está com o anel! - Cloucharde gritou, indignado. Becker
sentiu-se como se alguém tivesse puxado o tapete debaixo de seus pés. - Alemão?
Que alemão?
- O alemão que estava no parque. Eu contei ao policial sobre ele! Me recusei a
ficar com o anel, mas aquele porco aceitou!
Becker deixou de lado a caneta e o papel. A charada havia terminado. Agora
estava com problemas.
- Então há um alemão com o anel? E para onde ele foi?
- Não tenho a menor idéia. Corri para chamar a polícia e, quando voltei, ele
já tinha ido embora.
- Você sabe quem ele era?
- Um turista qualquer.
- Você tem certeza?
- Minha vida inteira gira em torno dos turistas - retorquiu Cloucharde. –
Posso reconhecer um à distância. Ele e sua amiga estavam passeando pelo
parque. Becker estava ficando cada vez mais confuso.
- Uma amiga? Havia outra pessoa com o alemão?
- Uma acompanhante. Que linda ruiva. Meu Deus, como era bonita!
- Uma acompanhante? - Becker estava pasmo. - Quer dizer... uma prostituta? -
Sim, se você quiser usar essa palavra vulgar. - Cloucharde fez uma careta. -
Mas... O policial não me disse nada sobre...
- Claro que não! Eu não falei sobre a moça - disse Cloucharde, calando Becker
com um gesto da mão que não estava engessada. - Não são criminosas, e é um
absurdo que sejam perseguidas como se fossem bandidos comuns.
Becker continuava ligeiramente chocado.
- E havia mais alguém?