Page 91 - Fortaleza Digital
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- Sim, falou.
Cloucharde parecia realmente surpreso.
- É mesmo? Não achei que ele tivesse acreditado em minha história. Foi tão rude,
como se achasse que eu estivesse mentindo. Mas minha história era
absolutamente exata, é claro. Eu me orgulho de ser sempre fiel aos fatos.
- Onde está o anel? - Becker tentou ir direto ao ponto. Cloucharde, contudo,
pareceu não ter ouvido. Tinha um olhar longínquo e vago. - Era um objeto
estranho, na verdade. Todas aquelas letras... Não se pareciam com nenhum
idioma que eu já tenha encontrado.
- Talvez fosse japonês?
- Não, definitivamente não.
- Você teve a chance de vê-lo de perto, então?
- Por Deus, sim! Quando eu me ajoelhei para tentar ajudá-lo, o homem não
parava de enfiar o dedo na minha cara. Ele realmente queria me dar o anel. Foi
estranho, horrível. Suas mãos eram disformes.
- E então você pegou o anel?
Cloucharde arregalou os olhos.
- Foi isso que o policial lhe disse, que eu peguei o anel? Becker se mexeu, pouco à
vontade.
- Eu sabia que ele não estava ouvindo! É assim que os rumores começam!
Eu disse a ele que o japonês entregou o anel, mas não para mim! Jamais pegaria
algo de uma pessoa morrendo! Santo Deus! Não gosto nem de pensar nisso! -
explodiu Cloucharde.
Beker pressentiu que teria problemas.
- Quer dizer então que o anel não está com o senhor?
- Claro que não!
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Sentiu uma dor na boca do estômago.