Page 254 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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- Não há um momento a perder! - E em rápidas palavras Aravis falou
sobre a expedição de Rabadash.
- Cães traiçoeiros! - bradou Bri, sacudindo a crina e batendo com o
casco. - Um ataque em tempo de paz, sem declaração de guerra! Pois
vamos lhes colocar sal na ração. Chegaremos antes deles.
- Chegaremos? - duvidou Aravis, pulando para a sela de Huin. -
Shasta sentiu um pouco de inveja daquele pulo perfeito.
- Bru-ru! - bufou Bri. - Firme, Shasta? Vamos dar uma boa largada!
- O príncipe também vai largar imediatamente - falou Aravis.
- Conversa de gente humana - respondeu Bri.
- Impossível organizar um esquadrão de duzentos cavalos e duzentos
cavaleiros, com água, comida e armamentos, e largar imediatamente. Bem,
qual a nossa direção? Norte?
- Um momento - interveio Shasta. - Deixe isso comigo. Tracei uma
linha. Depois eu explico. Vocês, cavalos, cheguem um pouco mais para a
esquerda. Aí... exatamente.
- Agora tem uma coisa - disse Bri. - Isso de galopar durante um dia e
uma noite só existe nas histórias. Tem de ser no passo e no trote. Quando
formos a passo, vocês aí, humanos, podem descer e ir a passo também.
Pronta, Huin? Vamos! Para Nárnia! Para o Norte!
A princípio foi uma beleza. Com a noite alta, a areia perdera o calor
acumulado durante o dia e a temperatura era agradável. Por todos os lados
a areia resplandecia como água ou como uma grande bandeja de prata. Fora
o barulho dos cascos, o silêncio era completo. Shasta seria capaz de dormir,
caso não tivesse de desmontar para caminhar de vez em quando.
Parecia uma cavalgada sem fim. Sumiu o luar e tiveram a impressão
de avançar nas trevas por horas e horas. Quando Shasta percebeu que
distinguia o pescoço e a cabeça de Bri com mais nitidez, lenta, lentamente,
a grande planura cinzenta começou a surgir. Parecia um mundo morto.
Terrivelmente cansado, Shasta notou que fazia frio e que os seus lábios
estavam secos. E o tempo todo o ranger do couro, o tinir dos cabrestos e o
ruído dos cascos, não o proctiproc de um caminho duro, mas um
pructupruc sobre a areia ressequida.
Por fim, muito longe, do lado direito, surgiu no horizonte um longo
risco cinza, mais pálido. Depois um clarão avermelhado. Era enfim o
amanhecer, a manhã que nem um só passarinho festejava. E, como estava
ficando mais frio, Shasta começou a gostar das caminhadas a pé.
Com o sol, tudo mudou num instante. A areia cinzenta ficou amarela e
cintilava como que salpicada de diamantes. As sombras de Shasta, Huin,