Page 257 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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escondidas na sombra perfumavam o ar. Vindo do escuro da mata chegou
um som que Shasta jamais ouvira: um rouxinol.
Fatigados demais para falar ou comer, os cavalos deitaram-se como
estavam. O mesmo fizeram Aravis e Shasta.
Cerca de dez minutos após, a prudente Huin abriu a boca:
- Não devemos dormir; temos de chegar na frente daquele Rabadash.
- Ninguém vai dormir - disse Bri com vagareza. - Só descansar um
pouquinho...
Shasta percebeu que iriam todos pegar no sono se ele não se
levantasse e fizesse alguma coisa. Resolveu levantar-se para convencê-los a
prosseguir. Mas não agora... daqui a pouco...
E logo a lua brilhava e o rouxinol cantava acima de dois cavalos e
duas crianças - todos os quatro a ressonar.
Aravis foi a primeira a acordar. O sol já ia alto, e as horas matinais
mais frescas estavam perdidas. “Minha culpa” - disse para si mesma com
raiva, dando um pulo e começando a despertar os outros. “Não se pode
esperar que cavalos continuem acordados depois de uma canseira como
essa, mesmo que falem. E o rapaz também, pois não tem o hábito. Mas eu,
sim, eu devia saber.”
Os outros estavam tontos de sono.
- Bru-ru! - disse Bri. - Dormindo de sela, eu! Nunca mais, que coisa
desagradável!
- Depressa, vamos, já perdemos metade da manhã.
- Antes temos de comer um capinzinho - disse Bri.
- Não podemos esperar.
- Por que essa pressa? - perguntou Bri. -Já atravessamos ou não o
deserto?
- Mas ainda não estamos em Arquelândia; temos de chegar lá antes de
Rabadash.
- Ó, mas devemos estar muito à frente dele - respondeu Bri. - Esse
corvo, amigo de Shasta, não disse que este era o caminho mais curto?
- Ele não disse nada sobre mais curto - respondeu Shasta. - Disse
apenas melhor, por causa do rio. Pode ser o mais comprido.
- Bem, não posso ir sem comer qualquer coisinha - disse Bri. - Tire
minhas rédeas, Shasta.
- Por favor - falou por sua vez Huin, muito encabulada. - Também