Page 260 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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- Ei, o que é aquilo? - disse ele de repente.

                        - Aquilo o quê? - perguntou Bri, virando-se. Huin e Aravis fizeram o
                  mesmo.

                        - Aquilo. Parece fumaça. Será um incêndio?

                        - Tempestade de areia, acho - replicou Bri.
                        - O  vento  não  está  tão  forte  assim  para  levantar  tanta  areia  -  disse
                  Aravis.

                        - Vejam! - exclamou Huin. - Umas coisas brilhando. São elmos... e
                  armaduras. E estão andando... andando para cá.

                        - Por Tash! - exclamou Aravis. - É o exército. É Rabadas.

                        - Sem dúvida - concordou Huin. - É o que eu temia. Depressa! Temos
                  de chegar a Anvar antes deles - e, sem outra palavra, pôs-se a galopar. Bri
                  levantou a cabeça e fez o mesmo.
                        - Vamos, Bri, vamos! - incentivava Aravis. Foi uma árdua corrida para
                  os  cavalos.  A  cada  crista  de  serra  sucedia  um  vale,  depois  outra  crista,
                  depois  outro  vale;  embora  soubessem  que  seguiam  mais  ou  menos  a

                  direção certa, ninguém tinha idéia da distância que os separava de Anvar.
                  Do alto de uma serra, Shasta olhou novamente para trás: em vez de uma
                  nuvem  de  pó,  viu  um  bando  escuro  movendo-se  na  margem  do  rio.
                  Pareciam formigas procurando uma passagem.
                        - Rápido! - gritou Aravis. - Era melhor não ter vindo, se fosse para não
                  chegar  a  Anvar  antes  deles.  Galope,  Bri,  galope!  Afinal,  você  é  um
                  guerreiro!

                        Shasta ficou calado, pensando: “O coitado já está dando o máximo!”
                  Bri  alcançara  Huin  e  ambos  corriam  lado  a  lado  sobre  a  relva.  Parecia
                  impossível que Huin pudesse resistir por muito mais tempo.

                        De repente, um barulho atrás deles deixou-os completamente atônitos.
                  Não  era  como  esperavam,  o  barulho  de  cascos  e  tinidos  de  armaduras,
                  mesclados talvez com gritos de guerra calormanos.

                        Shasta  percebeu  logo  do  que  se  tratava:  era  o  mesmo  rugido  que
                  ouvira na noite do encontro com Aravis e Huin. Bri também percebeu. Seus
                  olhos reluziram, vermelhos, e suas orelhas deitaram-se para trás. Só então
                  descobriu que não ia tão veloz quanto podia. Shasta imediatamente notou a
                  mudança de velocidade. Em poucos segundos ultrapassaram Huin. “Não é
                  justo!”, pensou Shasta, “achei que aqui estaríamos a salvo de leões.”
                        Tornou  a  olhar  para  trás.  Tudo  nítido:  uma  criatura  imensa  e  fulva

                  estava  atrás  deles,  com  o  corpo  roçando  no  chão,  como  um  gato  que  se
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