Page 258 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 258
sinto como Bri que não posso mais. Mas quando cavalos levam humanos
nas costas não são muitas vezes obrigados a continuar, mesmo não
agüentando mais? E não descobrem no fim que ainda eram capazes de
suportar mais um pouco? Pois então, será que não podemos fazer uma
forcinha, agora que estamos livres? Tudo em nome de Nárnia.
- Acho, madame - falou Bri esmagadoramente - que conheço um
pouquinho mais do que a senhora a respeito de expedições e marchas
forçadas ou da resistência de um cavalo!
Huin ficou quietinha; era tão sensível, tão gentil, tão cordata! Mas, na
verdade, estava com a razão: se Bri estivesse carregando nas costas um
tarcaã, este teria achado que ele poderia continuar por muitas horas. Mas
justamente uma das piores conseqüências da escravidão é esta: quando uma
criatura não é mais forçada a fazer as coisas, quase já perdeu de todo o
poder de forçar a si mesma.
Esperaram que Bri comesse um pouco e bebes-se água. Huin e as
crianças, naturalmente, também comeram e beberam.
Deviam ser umas onze horas quando partiram. Mesmo assim Bri não
se mostrava com a mesma disposição da véspera. Foi Huin, embora a mais
fraca e mais cansada dos dois, que abriu a cavalgada.
O vale era tão bonito, com as águas frescas, relvados e flores
silvestres, que dava a tentação de ir vagarosamente.