Page 334 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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O ESCONDERIJO DOS ANTIGOS
NARNIANOS
Começara o tempo mais feliz da vida de Caspian. Numa bela manhã
de verão, em que a relva estava coberta de orvalho, ele partiu com o texugo
e os dois anões, através da floresta, rumo ao alto de um monte, descendo
depois a encosta inundada de sol, de onde se avistavam os campos
verdejantes de Arquelândia.
– Vamos visitar primeiro os três Ursos Barrigudos – disse Trumpkin.
Avançando por uma clareira, chegaram a um velho carvalho oco e
revestido de musgo, em cujo tronco Caça-trufas deu três pancadinhas com
a pata, sem que obtivesse resposta. Bateu de novo e lá de dentro uma voz
rouca protestou: – Vá embora. Ainda não está na hora de acordar.
Mas, quando o texugo bateu pela terceira vez, ouviu-se um ruído
como de tremor de terra, abriu-se uma porta e apareceram três enormes
ursos castanhos, muito barrigudos mesmo, a piscar os olhinhos. Depois que
terminaram de lhes contar tudo o que passava (o que demorou muito
tempo, pois estavam caindo de sono), eles concordaram com Caça-trufas:
um filho de Adão devia ser o rei de Nárnia – e todos beijaram Caspian,
com uns beijos molhados e barulhentos. E o rei foi logo convidado para
comer mel. Caspian não gostava muito de mel, sem pão, àquela hora da
manhã, mas por delicadeza achou que deveria aceitar. Só depois de muito
tempo deixou de sentir as mãos meladas. Continuaram depois a andar e
chegaram perto de umas faias muito altas. Aí, Caça-trufas gritou:
– Farfalhante!
Quase imediatamente, saltando de ramo em ramo, apareceu acima da
cabeça dos visitantes um magnífico esquilo vermelho. Era muito maior que
os esquilos mudos que Caspian encontrava às vezes no jardim do castelo;
na verdade, era quase do tamanho de um cachorro. Bastava olhar para ele
para se ver que falava. O problema era justamente fazê-lo calar, pois, como
todos os esquilos, era um grande falastrão. Deu as boas-vindas a Caspian e
ofereceu-lhe uma noz. Caspian agradeceu e aceitou. Mas, quando
Farfalhante se afastou para ir buscá-la, Caça-trufas disse-lhe baixinho:
– Não fique olhando. É falta de educação entre os esquilos seguir
alguém que vai à despensa... ou olhar como se quisesse saber onde ele
guarda as coisas.