Page 329 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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a rainha Lúcia e o rei Edmundo, a rainha Susana e o Grande Rei Pedro,
para restaurar a ordem natural das coisas. Pode ser que tenha o poder de
invocar o próprio Aslam. Fique com ela... mas só a utilize quando estiver
em grande dificuldade. Depressa! A portinha que dá para o jardim está
aberta. É lá que nos separamos.
– Posso levar Destro, meu cavalo?
– Já está selado, à sua espera, no alto do pomar.
Enquanto desciam a longa escada em caracol, o doutor Cornelius,
muito baixinho, foi dando instruções e conselhos. Caspian sentiu que lhe
faltava a coragem, mas procurou não esquecer nada. Uma rajada de ar
fresco no jardim, um caloroso aperto de mão do doutor, o relinchar alegre
de Destro – e assim Caspian X deixou o palácio de seus pais.
Ao olhar para trás, viu os fogos de artifício com que se festejava o
nascimento do novo príncipe.
Cavalgou à toda para o Sul, atravessando a floresta por veredas e
atalhos enquanto ainda se encontrava em terreno conhecido. Preferiu
depois a estrada principal. A viagem inesperada excitara tanto o cavalo
quanto o dono. Caspian, que se despedira do doutor com lágrimas nos
olhos, sentia-se agora cheio de coragem e, até certo ponto, feliz, ao pensar
que era o rei correndo rumo à aventura, espada à cinta, levando consigo a
trompa mágica da rainha Susana. Quando, porém, o dia começou a clarear,
acompanhado de chuviscos, e ele olhou em torno e viu apenas bosques
desconhecidos, regiões áridas e montanhas azuis, o mundo pareceu-lhe
imenso e misterioso, e ele sentiu-se pequenino e assustado.
Assim que o dia clareou de todo, deixou a estrada e encontrou uma
clareira relvada, onde podia descansar. Tirou a sela de Destro para que este
pastasse à vontade, comeu um pouco de frango, bebeu um pouco de vinho e
adormeceu. A tarde já ia alta quando acordou. Comeu mais um pouco e
recomeçou a viagem. Ao anoitecer, a chuva caía em bátegas. Os trovões
enchiam o ar, e Destro começou a ficar nervoso. Entraram por um imenso
pinhal, e Caspian lembrou-se das muitas histórias que ouvira sobre as
árvores, inimigas do homem. Afinal (pensou) ele era um telmarino,
pertencia à raça que derruba árvores e estava em guerra aberta com todas as
coisas selvagens. Ainda que fosse diferente dos outros telmarinos, as
árvores não podiam saber de nada.
E não sabiam mesmo. O vento virou tempestade, e as árvores rugiam
e estalavam no caminho. Houve então um grande estrondo, e uma árvore
caiu atravessando a estrada assim que eles passaram.
– Calma, Destro, calma! – repetia Caspian, acariciando a cabeça do
cavalo. Mas ele mesmo estava trêmulo, sabendo que escapara à morte por