Page 326 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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AS AVENTURAS DE CASPIAN NAS
MONTANHAS
Caspian e o preceptor conversaram muitas vezes a sós no alto da
Grande Torre, e o primeiro foi aprendendo muitas coisas acerca da antiga
Nárnia. Ocupava quase todas as suas horas livres (que não eram muitas)
sonhando com os velhos tempos, desejando que eles voltassem. Sua
educação agora começara a sério. Aprendeu esgrima e natação, a montar, a
atirar, a tocar flauta, a caçar veados e esquartejá-los para aproveitar-lhes a
carne, além de estudar cosmografia, direito, física, alquimia e astronomia.
Das artes mágicas aprendeu apenas a teoria porque, segundo o doutor
Cornelius, a prática não era estudo próprio para um príncipe.
– Eu mesmo – disse-lhe certa vez o doutor – sei muito pouco de
magia; as experiências que faço não têm a menor importância.
De navegação (uma nobre e heróica arte, dizia o doutor) não
aprendeu nada, porque o rei Miraz não gostava do mar e odiava os navios.
Caspian também aprendeu muito por si mesmo, a partir do que via e
ouvia. Quando pequenino, não sabia explicar por que não gostava da tia, a
rainha Prunaprismia. Agora compreendia: é que também ela não gostava
dele. Ele também começou a ver que Nárnia era um país triste, com
impostos excessivamente pesados, leis muito severas e um rei cruel.
Passado algum tempo, a rainha adoeceu, e houve grande movimento
no castelo. Os médicos iam e vinham, e os cortesãos falavam em voz baixa.
Foi no começo do verão. Uma noite, no meio de toda essa agitação,
Caspian, que se deitara havia poucas horas, foi de repente acordado pelo
doutor Cornelius.
– Astronomia, doutor? – perguntou ele.
– Psiu! Confie em mim e faça exatamente o que lhe disser: agasalhe-
se bem, pois tem uma longa viagem à sua frente.
Caspian ficou muito surpreso, mas aprendera a ter confiança em seu
preceptor e obedeceu sem demora. Quando acabou de se vestir, o doutor
lhe disse:
– Trouxe-lhe um saco. Vamos colocar nele toda a comida que
pudermos encontrar sobre a mesa.