Page 331 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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homenzinhos barbudos, muito mais gordos, baixos e peludos que o doutor
                  Cornelius. Caspian percebeu logo que eram anões verdadeiros, dos antigos,
                  em  cujas  veias  não  corria  uma  só  gota  de  sangue  humano.  Havia
                  encontrado  enfim  os  antigos  narnianos.  Sua  cabeça  começou  a  rodar  de
                  novo.

                         Nos  dias  seguintes,  aprendeu  a  conhecê-los  pelo  nome.  O  texugo
                  chamava-se Caça-trufas. Era o mais velho e o mais bondoso dos três. O
                  anão que desejara matá-lo era um anão negro (isto é, tinha o cabelo e a
                  barba  negros,  ásperos  e  duros  como  crina  de  cavalo):  seu  nome  era
                  Nikabrik. O outro era um anão vermelho, com cabelo da cor dos pêlos de
                  uma raposa: chamava-se Trumpkin. Na primeira tarde em que Caspian teve
                  forças para sentar-se e falar, Nikabrik disse o seguinte:

                         – Agora temos de resolver o que fazer com o humano. Vocês acham
                  que lhe fizeram um grande favor, impedindo que eu o eliminasse. Agora,
                  acho que a solução é conservá-lo prisioneiro pelo resto da vida. Porque não
                  estou nada disposto a deixá-lo solto por aí... para que um belo dia encontre
                  os outros de sua raça e nos denuncie.

                         – Com mil diabos, Nikabrik! – protestou Trumpkin. – É preciso ser
                  tão descortês? No fim das contas, o pobre coitado não teve culpa de bater
                  com a cabeça numa árvore aqui na frente da nossa caverna. E, por mim,
                  acho que ele não tem cara de traidor.
                         – Mas – disse Caspian – vocês ainda não sabem se eu quero voltar
                  para  junto  dos  meus.  Para  ser  franco,  não  quero.  Preferia  ficar  por  aqui
                  mesmo... se me deixassem. Tenho procurado por vocês a vida toda!...

                         – Esta é boa! – rosnou Nikabrik. – Você é ou não é um telmarino e
                  um humano? Como não quer voltar?

                         – Mesmo que quisesse, não podia – respondeu Caspian. – Quando
                  caí  do  cavalo,  estava  fugindo  para  salvar  a  minha  vida.  O  rei  quer  me
                  matar. Se tivessem me matado, teriam feito a vontade dele.

                         – O quê?! – exclamou Caça-trufas.

                         – Que conversa é essa? – perguntou Trumpkin. – Com a sua idade,
                  que fez você para cair no desagrado de Miraz?
                         –  Miraz  é  meu  tio  –  começou  a  dizer  Caspian,  e  nesse  instante
                  Nikabrik levantou de um salto e agarrou o punhal.

                         –  Não  disse?!  –  gritou  ele.  –  Não  só  é  telmarino,  mas  parente  e
                  herdeiro do nosso maior inimigo. Vocês estão malucos?! Querem mesmo
                  deixar  viver  esta  criatura?!  –  Teria  apunhalado  Caspian  ali  mesmo,  se
                  Trumpkin  e  o  texugo  não  se  tivessem  metido  no  meio,  impedindo-lhe  o
                  avanço.
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