Page 341 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Quando finalmente os bichos concordaram em sentar-se, em silêncio,
num grande círculo, e depois de se ter conseguido (com a maior
dificuldade) que Farfalhante deixasse de correr de um lado para outro e de
gritar: – Silêncio! Silêncio! O rei vai falar! – Caspian, um pouco nervoso,
levantou-se.
– Narnianos! – começou, mas não chegou a dizer mais nada, porque,
nesse mesmo instante, Camilo, a lebre, gritou:
– Alto! Tem um Homem escondido por aí!
Eram todos criaturas do mato, habituadas a serem perseguidas;
portanto, ficaram logo imóveis como estátuas. Os animais limitaram-se a
voltar a cabeça na direção que Camilo indicara.
– Cheira a Homem, mas ao mesmo tempo não parece bem Homem –
disse Caça-trufas, num sussurro.
– Está chegando mais perto – disse Camilo.
– Dois texugos e três anões, avancem devagarinho – ordenou
Caspian.
– Vamos acabar com ele! – declarou um anão negro, ameaçador,
preparando uma flecha.
– Se vier só, não disparem; tragam o Homem vivo – disse Caspian.
– Por quê? – perguntou um dos anões.
– Faça o que lhe ordenaram – disse o centauro. Todos guardaram
silêncio, enquanto os três anões e os dois texugos se esgueiravam na
direção das árvores, a noroeste do gramado. Ouviu-se de repente a voz
aguda de um anão:
– Alto! Quem vem lá? – e logo em seguida um salto rápido. Instantes
depois, uma voz bem conhecida de Caspian dizia:
– Pronto! Estou desarmado. Se quiserem, podem algemar-me, nobres
texugos. Quero falar com o rei.
– Doutor Cornelius! – exclamou Caspian, louco de alegria,
precipitando-se ao encontro do velho preceptor. Todos se aproximaram.
– Hum! – exclamou Nikabrik. – Um anão renegado! Quase não tem
sangue de anão. Que tal se eu lhe enfiasse a espada?
– Quieto, Nikabrik – disse Trumpkin. – O pobre não tem culpa de
sua ascendência.
– Este é o meu maior amigo, a quem devo a vida. Se existe alguém
aqui que não goste da companhia dele, pode abandonar imediatamente
minhas fileiras. Caro doutor, não calcula como estou feliz de vê-lo outra