Page 346 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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ao nosso apelo se concretize aqui. Mas não devemos esquecer dois outros.
                  Um é o Ermo do Lampião perto da nascente do rio, a leste do Dique dos
                  Castores. Segundo reza a lenda, foi aí que as crianças reais entraram em
                  Nárnia. O outro é junto à foz desse mesmo rio, no local onde outrora se
                  ergueu Cair Paravel. Se o próprio Aslam vier ao nosso encontro, será esse o
                  local mais adequado para recebê-lo, pois em todas as lendas ele é filho do
                  grande Imperador-de-Além-Mar. Quando vier, sem dúvida surgirá do mar.
                  Seria bom que enviássemos mensageiros a esses dois lugares, para recebê-
                  lo...  ou  recebê-los.  –  Já  esperava  por  isso!  –  resmungou  Trumpkin.  –  O
                  resultado  de  toda  essa  tolice  será  perder  dois  soldados,  em  vez  de  obter
                  auxílio.

                         –  Os  esquilos  são  ideais  para  cruzar  o  território  inimigo  –  disse  o
                  texugo.

                         – Todos os nossos esquilos (e não são tantos assim!) são assustadiços
                  – disse Nikabrik. – Farfalhante é o único no qual se pode confiar.

                         – Pois que se mande Farfalhante – decidiu Caspian. – E quem será o
                  outro?  Sei  que  você  estaria  pronto  para  partir,  Caça-trufas,  mas  é  muito
                  lento. E o doutor também.
                         – Eu é que não entro nessa! – declarou Nikabrik. – Com todos esses
                  humanos e animais por aqui, tenho de ficar para ver se os anões são bem
                  tratados.

                         – Cale a boca! – gritou Trumpkin, colérico. – É assim que se fala ao
                  rei?  Se  quer  que  eu  seja  o  mensageiro,  Real  Senhor,  estou  pronto  para
                  partir.

                         –  Mas,  Trumpkin,  pensei  que  você  não  acreditava  na  trompa...  –
                  disse Caspian.

                         –  E  não  acredito  mesmo!  Mas  o  que  uma  coisa  tem  a  ver  com  a
                  outra? Sei quando se trata de dar um conselho ou de receber uma ordem.

                         –  Nunca  me  esquecerei  de  sua  nobre  atitude,  Trumpkin.  Chamem
                  Farfalhante aqui imediatamente. Quando devo tocar a trompa?
                         – Aconselho que espere o nascer do sol – disse o doutor Cornelius. –
                  A madrugada costuma ser favorável às operações de magia branca.

                         Passados alguns instantes chegava Farfalhante, a quem explicaram o
                  que tinha a fazer. Como à maior parte dos esquilos, não lhe faltava nem
                  coragem, nem entusiasmo, nem energia, nem espírito de aventura (para não
                  falar em vaidade); mal fora informado de sua tarefa, ficou louco para partir.
                  Resolveu-se que iria para o Ermo do Lampião, enquanto Trumpkin faria o
                  percurso mais curto até a foz do rio. Partiram com os votos de boa sorte do
                  rei, do texugo e do doutor.
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