Page 349 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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–  E  ainda  trata  a  gente  por  amiguinhos?!  É  demais!  –  protestou
                  Edmundo, levantando-se de um pulo. – Não acredita então que fomos nós
                  que ganhamos a batalha do Beruna? Bem, de mim pode dizer o que quiser,
                  mas a verdade...

                         – Não vale a pena discutir – disse Pedro. Vamos à sala do tesouro
                  arranjar  uma  armadura  nova  para  ele  e  armas  para  nós.  Depois
                  conversamos.

                         – Isso não adianta... – começou Edmundo. Lúcia disse-lhe baixinho:

                         – Melhor fazer o que Pedro está dizendo. Ele é o Grande Rei e tem
                  decerto uma idéia.
                         Edmundo concordou e, à luz da lanterna, todos (inclusive Trumpkin)
                  desceram  as  escadas  e  penetraram  na  escuridão  gelada,  ao  encontro  das
                  riquezas empilhadas na sala do tesouro.

                         Os olhos do anão brilharam ao ver prateleiras e prateleiras cheias de
                  tesouros (embora tivesse de andar na ponta dos pés para ver alguma coisa)
                  e  disse  para  si  mesmo:  “Nunca  Nikabrik  ouviu  falar  de  tanta  riqueza,
                  nunca!”

                         Não  foi  difícil  encontrar  uma  cota  de  malha  para  o  anão,  elmo  e
                  escudo,  arco  e  aljava,  tudo  do  tamanho  dele.  O  elmo  era  de  cobre,
                  incrustado de rubis; o punho da espada era de ouro. Trumpkin jamais vira
                  coisas  tão  ricas,  nem  tampouco  sonhara  usá-las  um  dia.  As  crianças
                  também vestiram cotas de malha e puseram elmos. Escolheram depois uma
                  espada e um escudo para Edmundo e um arco para Lúcia... Pedro e Susana
                  não precisavam, porque tinham os presentes. Quando subiram as escadas,
                  ouvindo  o  tilintar  das  armaduras  e  sentindo-se  mais  narnianos  do  que
                  meninos  de  colégio,  os  rapazes  ficaram  para  trás,  combinando  qualquer
                  coisa. Lúcia ouviu Edmundo dizer:

                         – Não, deixe comigo!

                         –  Está  bem,  Ed  –  concordou  Pedro.  Quando  chegaram  lá  fora,
                  Edmundo voltou-se delicadamente para o anão:
                         – Tenho uma proposta a fazer. Não é todo dia que meninos da minha
                  idade encontram um grande guerreiro como você. Quer fazer um pouco de
                  esgrima? Acho que não há nada de mal...

                         – Mas, garoto, estas espadas estão afiadas...

                         –  Sei  disso!  Mas  não  tenho  a  intenção  de  me  aproximar,  e  você
                  saberá como me desarmar sem me ferir.

                         –  É  uma  brincadeira  perigosa  –  objetou  Trumpkin  –  mas,  já  que
                  insiste, vamos lá!
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