Page 353 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Está bem, menino... quero dizer, Majestade – disse Trumpkin, com
uma gargalhada. – E, a partir daí, muitas vezes o trataram por N.C.A., até
quase se esquecerem do que significava.
– Mas, como ia dizendo – continuou Edmundo – , acho que podemos
ir por outro caminho. Por que não vamos de barco em direção à baía do
Espelho d’Água e seguimos depois lá por cima? Sairíamos por trás da
colina da Mesa de Pedra e, ao menos enquanto estivéssemos no mar,
estaríamos seguros. Se partirmos imediatamente, poderemos chegar ao
Espelho d’Água antes do anoitecer, descansar ali um pouco e estar com
Caspian amanhã de manhã.
– Não há nada como conhecer a costa – disse Trumpkin. – Nunca
tinha ouvido falar do Espelho d’Água.
– E quanto à comida? – perguntou Susana.
– Teremos de nos contentar com maçãs – disse Lúcia. – Mas vamos
embora! Há quase dois dias que estamos aqui e ainda não fizemos nada.
– Mas fiquem sabendo desde já que meu chapéu não servirá mais de
cesto para peixe. Arranjem-se como quiserem! – declarou Edmundo.
Com uma capa de chuva fizeram uma espécie de saco, que encheram
de maçãs. Depois, foram beber água no poço, porque só no Espelho d’Água
voltariam a encontrar água doce. E seguiram para o barco. As crianças
tiveram pena de deixar Cair Paravel, porque, mesmo em ruínas, sentiam-se
bem lá.
– É melhor que N.C.A. fique no leme – sugeriu Pedro. – Ed e eu
tomaremos conta dos remos. Um momento... Será melhor tirarmos as
armaduras, senão daqui a pouco estaremos suando. As meninas vão na
proa, para darem indicações ao N.C.A., pois ele não conhece a costa.
Melhor pegar o mar alto até termos passado a ilha.
Daí a pouco, a costa arborizada e verdejante foi ficando para trás. As
pequenas baías e cabos pareciam cada vez menores, e o barco vagava
acompanhando a suave ondulação. O mar começou a alargar, e, se a
distância a água parecia agora mais azul, perto era verde e borbulhante.
Tudo cheirava a sal, e só se ouvia o chapinhar dos remos e o deslizar da
água, que batia – clope-clope – contra os lados do barco. O sol começou a
ficar quente.
Lúcia e Susana, na proa, se deliciavam brincando, tentando em vão
enfiar as mãos dentro d’água. Embaixo via-se a areia branca, colorida às
vezes de algas vermelhas.
– Tudo como antigamente! Você lembra quando fomos a
Terebíntia... e a Galma... e às Ilhas Solitárias... e às Sete Ilhas...?