Page 352 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Com cuidado, deixou cair sobre a ferida uma gota do precioso elixir
do frasco.
– Ei, o que é isso?! – perguntou Trumpkin, que, por mais que
voltasse a cabeça e revirasse os olhos e sacudisse a barba, não conseguia
ver o ombro. Sentia-se agora perfeitamente bem, conseguindo fazer com os
braços e com os dedos movimentos difíceis, como se sentisse cócegas num
lugar inatingível. Por fim gritou:
– Com trinta mil demônios! Parece novinho em folha! – E desandou
a rir, dizendo: – Nunca um anão fez um papel tão imbecil quanto eu hoje.
Apresento minhas humildes homenagens a Vossas Majestades. Agradeço-
lhes terem salvo a minha vida, tratado do meu braço, o almoço, e agradeço
também a lição que me deram.
Não havia nada a agradecer, disseram as crianças.
– Se agora está disposto a acreditar em nós... – disse Pedro.
– Claro que estou! – falou o anão.
– Então sabemos o que temos de fazer – continuou Pedro. –
Devemos ir logo ao encontro do rei.
– Quanto mais depressa, melhor! – concordou o anão. – A minha
burrice já nos fez perder uma hora.
– Se formos pelo caminho por onde você veio, serão uns dois dias de
viagem – disse Pedro. – Para nós, é claro, pois não conseguimos andar dia e
noite como os anões. – E voltando-se para os outros acrescentou: – O que
Trumpkin chama de Monte de Aslam é, sem dúvida, a Mesa de Pedra. A
gente andava uma manhã toda, talvez um pouco menos, para ir dali às
margens do Beruna... Lembram-se?
– Ponte do Beruna – interrompeu o anão.
– No nosso tempo não havia ponte. E do Beruna até aqui era mais de
um dia. Andando a passo normal, a gente costumava chegar no segundo
dia, mais ou menos na hora do lanche. Com um pouco de esforço, talvez
possamos fazer o caminho em um dia e meio.
– Não se esqueçam: agora é tudo floresta – disse Trumpkin – , e
temos de evitar o inimigo.
– Mas será que precisamos seguir o caminho por onde veio o nosso
caro amiguinho? – perguntou Edmundo.
– Pare com isso, Majestade, se me quer bem – implorou o anão.
– Pois não – concordou Edmundo. – Posso então chamá-lo de
N.C.A.?