Page 351 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Susana.
– Perfeitamente! – concordou o anão. – E aquela amarelinha no meio
do arco, não é?
– Não, aquela não! – replicou Susana. A outra, a vermelha, lá em
cima, sobre as ameias.
O entusiasmo do anão sumiu.
– Parece mais uma cereja! – resmungou consigo mesmo, sem
coragem para falar alto.
Jogaram cara ou coroa, para grande admiração do anão, que nunca
tinha visto aquilo. Susana perdeu. O lugar escolhido para atirar foi o alto
das escadas que conduziam do salão para o pátio. Pelo jeito de o anão
tomar posição e preparar o arco, via-se logo que ele sabia o que estava
fazendo.
Ziiim! – a corda vibrou. Foi um golpe esplêndido. A maçã
estremeceu, quando a flecha roçou por ela e uma folha saiu voando. Susana
foi para o alto das escadas e segurou o arco. Não estava tão à vontade como
Edmundo na competição anterior. Não que sentisse medo de errar, mas era
tão boa que lhe custava derrotar alguém que já tinha sido derrotado.
Enquanto erguia o arco à altura do rosto, o anão não tirou os olhos dela.
Um instante depois, com um barulhinho seco, perfeitamente audível, a
maçã trespassada pela flecha tombava na relva.
– Sensacional, Su! – gritaram as crianças.
– Não é que a minha pontaria seja melhor do que a sua – disse
Susana para o anão. – É que havia uma brisa soprando quando você atirou.
– Não havia brisa coisa nenhuma! – disse Trumpkin. – Não precisa
se desculpar. Sei muito bem quando sou derrotado com lealdade. Logo que
eu ficar bom do braço, nem vou me lembrar mais do ferimento...
– O quê! Está ferido? – perguntou Lúcia. – Mostre-me.
– Não é espetáculo para menininhas – começou Trumpkin, mas
calou-se logo. – Já estou dizendo bobagens outra vez. Afinal, quem me
garante que você não é uma excelente enfermeira, assim como seu irmão é
um grande espadachim e sua irmã uma fabulosa arqueira?
Sentou-se num degrau, tirou a cota de malha, arregaçou a manga da
camisa, mostrando um braço peludo e musculoso como o de um marinheiro
em miniatura. Lúcia começou a tirar a ligadura que desajeitadamente
envolvia o ombro do anão. O ferimento tinha um mau aspecto, e o braço
estava muito inchado.
– Pobre Trumpkin! – exclamou ela. – Isto está muito ruim.