Page 348 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Su..  que  ontem  de  manhã  nos  arrancou  do  banco  da  estação!  É  difícil
                  acreditar nisso, mas a verdade é que tudo se encaixa...

                         – Não sei por que é difícil de acreditar, se você acredita em magia –
                  disse  Lúcia.  –  Não  há  tantos  casos  em  que  por  magia  as  pessoas  são
                  chamadas a sair de um lugar... até a passar de um mundo para outro? Nas
                  Mil e uma noites, quando o mago conjura o gênio, ele tem de aparecer. Foi
                  mais ou menos o que aconteceu conosco.

                         –  Exato  –  concordou  Pedro.  –  Mas  o  que  faz  isso  parecer  tão
                  estranho é que, nas histórias, é sempre alguém do nosso mundo que faz o
                  chamado... E ninguém realmente pára pra pensar de onde vem o gênio.

                         –  E  agora  podemos  compreender  como  o  gênio  se  sente  –  disse
                  Edmundo, com uma gargalhada. – Caramba! Não é muito agradável saber
                  que podemos estar à mercê de um assovio. Ainda é pior do que ser escravo
                  do telefone, como papai se queixa tanto.
                         –  Mas  não  estamos  aqui  de  má  vontade,  desde  que  seja  esta  a
                  vontade de Aslam – disse Lúcia.

                         –  E  agora?  Que  vamos  fazer?  –  perguntou  o  anão.  –  Acho  que  o
                  melhor seria dizer ao rei Caspian que afinal o auxílio não veio...

                         – Não veio, o quê! Essa é boa! Veio sim senhor, e aqui estamos nós!

                         –  Bem...  que  estão  aí,  estão...  Mas  acho que...  – gaguejou o anão,
                  cujo  cachimbo  parecia  estar  entupido  (pelo  menos  ele  fingia  estar  muito
                  ocupado limpando-o). – Mas... bem... quer dizer...

                         – Mas ainda não percebeu quem somos nós? – gritou Lúcia. – Que
                  anão mais bobo!
                         – Devem ser as quatro crianças da lenda – disse Trumpkin. – Tenho
                  muito prazer em conhecê-los, é claro. Não há dúvida de que este encontro é
                  muito interessante... Mas, sem querer ofender... – e voltou a ficar hesitante.

                         –  Vá  em  frente  e  diga  o  que  tem  a  dizer  –  falou  Edmundo,
                  impaciente.

                         –  Bem,  não  fiquem  ofendidos...  Mas,  como  já  disse,  o  rei,  Caça-
                  trufas  e  o  doutor  Cornelius  esperavam  por  auxílio.  Não  sei  se  estão  me
                  entendendo... Para falar mais claro: eles imaginavam vocês como grandes
                  guerreiros.  Não  sendo  assim...  bem,  nós  adoramos  crianças,  mas  a  esta
                  altura... em plena guerra... acho que vocês estão entendendo...

                         – Ah, você pensa que não agüentamos uma gata pelo rabo, não é? –
                  disse Edmundo, corando muito.

                         – Por favor, não fique zangado! – interrompeu o anão. – Asseguro-
                  lhes, caros amiguinhos...
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