Page 343 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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uma praça forte.
– O plano é sensato, muito sensato – disse Caça-trufas.
– Mas para onde iremos? – perguntaram muitas vozes.
– Real Senhor – começou o doutor Cornelius – e todas vocês,
criaturas, ouçam-me. Julgo que seria aconselhável fugir para oeste e,
descendo o rio, penetrar na floresta. Os telmarinos odeiam aquela região.
Sempre tiveram medo do mar e do que possa vir de além-mar. Por isso
plantaram as florestas. Se a lenda é verdadeira, o velho castelo de Cair
Paravel fica junto à foz do rio. Toda aquela zona nos é propícia; ao inimigo
é fatídica. Vamos para o Monte de Aslam.
– Monte de Aslam? Que é isso?
– Fica além do Grande Bosque: é um enorme baluarte que os
narnianos construíram há muito tempo, num lugar de grande poder mágico,
onde estava – e talvez esteja ainda – uma pedra de grande magia. O Monte
foi todo escavado por dentro em galerias e cavernas, e a Mesa de Pedra está
na caverna central. Lá temos lugar para guardar provisões e, além disso,
todos os que precisam de um teto, ou os que estão habituados a viver
debaixo da terra, podem ficar acomodados nas cavernas. Em caso de
necessidade, todos nós (com exceção do nosso digno gigante) poderemos
refugiar-nos no Monte, onde estaremos ao abrigo de todos os perigos,
menos da fome.
– É uma vantagem enorme ter conosco um homem instruído – disse
Caça-trufas. Mas Trumpkin resmungou em voz baixa:
– Ora bolas! Seria muito melhor se os nossos chefes deixassem de
lado essas histórias da carochinha e se preocupassem mais com armas e
víveres.
Mas a proposta de Cornelius foi aceita, e meia hora mais tarde
estavam a caminho. Antes do romper do dia chegaram ao Monte de Aslam.
O lugar era, na verdade, de assustar: um morro redondo e verde no
cimo de outro morro, havia muito encoberto de árvores, com apenas um
pequeno e baixo portal como entrada. Lá dentro, os túneis formavam um
verdadeiro labirinto, e as paredes e o teto eram revestidos de pedras lisas,
nas quais Caspian, olhando com atenção, viu caracteres estranhos e
desenhos sinuosos e muitas imagens em que se repetia várias vezes a forma
de um Leão. Tudo aquilo parecia pertencer a uma Nárnia ainda mais antiga
do que a Nárnia de que ouvira falar.
Foi depois de instalados, dentro e fora do Monte, que as coisas
começaram a correr mal. Os espiões do rei Miraz deram com o rasto deles,
e não tardou que o rei e o seu exército aparecessem no extremo do bosque.