Page 357 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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De repente, começou a sentir-se cansada. Voltou ao lugar onde
tinham acampado, aninhou-se entre Susana e Pedro e, dentro em pouco,
dormia a sono solto.
Na manhã seguinte o despertar foi triste e desconfortável. O sol ainda
não nascera e, na luz cinzenta da madrugada, os bosques surgiam, úmidos e
sujos.
– Viva a maçã! – gritou Trumpkin com um trejeito gaiato. – Tenho
de concordar que os reis e as rainhas de antigamente não estragam os
cortesãos com agradinhos!
Levantaram-se, sacudiram-se e olharam em torno. O bosque era
espesso. Para onde quer que olhassem, não conseguiam ver mais do que
uns metros adiante do nariz.
– Suponho que Vossas Majestades conheçam bem o caminho – disse
o anão.
– Eu não! – exclamou Susana. – Nunca vi esses bosques na minha
vida. Sempre achei que deveríamos ter ido pelo rio.
– Devia ter falado isso na hora – disse Pedro, com perdoável
impaciência.
– Ora, não ligue para o que ele está dizendo! – interrompeu
Edmundo. – Susana não tem o menor sentido de orientação. Está com a
bússola aí, Pedro? Ora, vejam. Estamos certinhos. É só continuar para
noroeste... atravessar aquele riozinho... como é mesmo?... O Veloz, não é
isso?
– É, o Veloz – concordou Pedro. – Aquele afluente do Grande Rio.
– Isso. Atravessa-se o rio, sobe-se a encosta, e lá pelas oito ou nove
horas estamos na Mesa de Pedra, isto é, no Monte de Aslam. Espero que o
rei Caspian nos ofereça um bom almoço!
– Se Deus quiser! – disse Susana. – A verdade é que não me lembro
nada disso aqui.
– Mulher é assim – disse Edmundo, voltando-se para Pedro e para o
anão – , nunca consegue guardar um mapa na cabeça.
– É porque já temos a cabeça cheia de outras coisas – replicou Lúcia.
A princípio tudo correu muito bem. Julgaram a certa altura ter
encontrado um velho atalho. Se você entende alguma coisa de floresta, sabe
que a todo momento a gente julga ter descoberto um atalho imaginário.
Passados cinco minutos, o tal atalho desaparece, mas logo a seguir vem
outro (que a gente espera que não seja outro, mas uma continuação do
primeiro), volta a desaparecer, e, só quando já estamos de todo