Page 361 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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dizia.
– Bem bolado, Trumpkin – disse Pedro. – Vamos embora! Por aqui,
por este lado do desfiladeiro.
– Olhem, olhem! – gritou Lúcia.
– O quê? Onde? – disseram todos.
– O Leão! – disse Lúcia. – Aslam! Vocês não viram? – Estava
transfigurada, com os olhos em fogo.
– Você acha mesmo que...? – começou a dizer Pedro.
– Onde você pensa que o viu? – indagou Susana.
– Por favor, não falem como pessoas grandes! – disse Lúcia batendo
o pé. – Não penso que vi! Vi mesmo!
– Mas onde, Lu? – perguntou Pedro.
– Lá em cima, entre aquelas roseiras do mato. Não, deste lado do
precipício. Lá em cima, não embaixo. Do lado contrário ao que vocês
querem ir. Aslam queria que fôssemos por onde ele estava... lá em cima.
– Como é que sabe o que ele queria? – perguntou Edmundo.
– Bem... ele... pela cara dele!
Perplexos, os outros entreolharam-se em silêncio.
– Pode ser muito bem, Real Senhora, que tenha visto um leão – disse
Trumpkin. – Dizem que há leões nestas florestas. Mas quanto a ser um leão
amigo, daqueles que falam, sei lá: pode ser como o urso...
– Que besteira! – exclamou Lúcia. – Acha que não sou capaz de
reconhecer Aslam se o vir?
– Se é um conhecido de outros tempos, deve estar bastante velho! –
replicou Trumpkin. – E, ainda que seja o mesmo, quem é que nos garante
que não se tenha tornado feroz como tantos outros?
Lúcia ficou vermelha de raiva. Se Pedro não a segurasse pelo braço,
teria caído em cima do anão.
– O N.C.A. não entende. E como haveria de entender? Você tem de
partir de um princípio, Trumpkin: nós realmente conhecemos Aslam... um
pouco, é claro. E não deve mais falar dele desse jeito. Em primeiro lugar,
não é coisa que lhe dê boa sorte. Além disso, é asneira grossa. O problema
é saber se Aslam estava de fato lá em cima.
– Mas eu tenho certeza! – gritou Lúcia, com os olhos cheios de
lágrimas.
– Ora, Lúcia, você tem certeza, mas nós não temos! – disse Pedro.