Page 364 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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esquerda, à procura de um caminho por onde pudessem subir; mas os
rochedos permaneciam fechados, sem piedade.
Era de enlouquecer, tanto mais porque sabiam que, se saíssem do
desfiladeiro, teriam à esquerda uma encosta suave, e pouco precisariam
andar para se juntar a Caspian.
O anão e os meninos achavam que era hora de parar para acender
uma fogueira e assar um pouco de carne. Susana se opunha. Só pensava em
“ir em frente e acabar logo com tudo aquilo, saindo daquelas malditas
matas!” Lúcia estava tão cansada e deprimida que nem chegava a ter
opinião. Aliás, como ali não havia lenha seca, pouco valia a opinião de
cada um. Esfomeados, os jovens chegaram a perguntar se a carne crua seria
mesmo tão repugnante como se diz. O anão garantiu-lhes que sim.
– Finalmente! – exclamou Susana.
– Oba! – exclamou Pedro.
O rio acabava de fazer uma curva, e se desenrolava diante deles um
vasto panorama. Rasgava-se a seus pés o campo descoberto, que alcançava
a própria linha do horizonte, e a separá-los dele a larga fita prateada do
Grande Rio. Reconheceram o sítio largo e baixo a que outrora chamavam
de Passo do Beruna e por sobre o qual se elevava agora uma grande ponte
com muitos arcos. Do outro lado da ponte via-se uma pequena cidade.
– Ora, viva! – exclamou Edmundo. – Foi ali que travamos a batalha
do Beruna.
Essa idéia, mais do que outra qualquer, animou o grupo. Pois
ninguém pode deixar de sentir-se mais forte em face do lugar onde, séculos
antes, teve uma vitória retumbante, para não se falar de um reino. Passado
um pouco, Pedro e Edmundo estavam de tal modo entusiasmados a discutir
a batalha que se esqueceram dos pés doloridos e do peso incômodo das
cotas de malha. O entusiasmo contagiara o anão.
O caminho parecia-lhes agora mais suave, e avançavam todos com o
passo mais rápido. Ainda que à esquerda continuassem a ver somente
penhascos, à direita o terreno ia ficando cada vez menos acidentado. Não
tardou que o desfiladeiro se transformasse num vale. Depois desapareceram
as quedas-d’água e voltaram a penetrar em floresta fechada.
Aí... de repente... zzzt! E logo em seguida um ruído que parecia coisa
de pica-pau. As crianças, espantadas, se perguntavam onde é que (havia
anos e anos) tinham ouvido um som parecido, e por que este lhes
desagradava tanto, quando Trumpkim gritou:
– Todo mundo no chão!
No mesmo instante o anão obrigou Lúcia (era quem estava mais