Page 362 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– O melhor é pôr em votação – propôs Edmundo.
– Apoiado! – concordou Pedro. – O N.C.A. é o mais velho. Seu voto:
vamos por cima ou por baixo?
– Por baixo. Não entendo nada de Aslam. Mas sei que, se voltarmos
à esquerda e formos lá por cima, poderemos andar um dia inteiro sem
conseguir passar para o outro lado. Mas, se cortarmos pela direita e
seguirmos por baixo, em poucas horas estaremos no Grande Rio. Além
disso, se há mesmo leões, acho que é mais interessante fugir do que ir ao
encontro deles.
– Qual a sua opinião, Susana?
– Não fique zangada, Lu, mas acho que realmente é melhor ir por
baixo... Estou muito cansada, e o que me interessa é sair quanto antes desta
mata horrível. E, para dizer a verdade, só você, ninguém mais, viu alguma
coisa!
– Você, Edmundo?
– Bem, há uma coisa a considerar – disse Edmundo, falando
depressa, muito corado. – Quando descobrimos Nárnia, há um ano... ou há
mil, sei lá... foi justamente Lúcia quem descobriu primeiro, e nós não
quisemos acreditar nela. Eu fui o pior, sei disso. Ora, ela tinha razão. Não
seria justo que desta vez acreditássemos? Por mim, proponho que se vá por
cima.
– Oh, Ed! – exclamou Lúcia, agarrando-lhe as mãos.
– É sua vez, Pedro – disse Susana – e espero que...
– Cale a boca... deixe-me pensar! Prefiro não votar.
– Você é o Grande Rei – censurou Trumpkin.
– Vamos por baixo – disse Pedro, depois de longo silêncio. – Pode
ser que Lúcia tenha razão, mas não tenho certeza. Mas temos de decidir
uma coisa ou outra.
Assim puseram-se a caminho, seguindo a corrente do rio pela
margem direita. Lúcia ia atrás de todos, chorando amargamente.