Page 406 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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satisfeitos, Aslam arranjaria outro país. Os interessados em mudar–se,
deveriam apresentar–se a Aslam e aos reis dali a cinco dias, ao meio–dia
em ponto, no Passo do Beruna.
Você pode imaginar a indecisão que isto causou entre os telmarinos.
Muitos deles, principalmente os mais novos, como acontecera a Caspian,
tinham ouvido histórias dos velhos tempos e ficaram encantados com a
idéia de esses tempos voltarem. Já tinham até começado a fazer amigos
entre as outras criaturas e resolveram ficar em Nárnia. Mas grande parte
dos mais velhos, sobretudo os que tinham ocupado cargos importantes
durante o reinado de Miraz, estavam irritados e não queriam viver num país
onde não pudessem mandar.
– Era só o que faltava! Ficar vivendo aqui com um bando de animais
de circo! E ainda por cima com fantasmas! – acrescentavam outros,
tremendo de medo. – É, porque essas dríades são fantasmas, não passam
disso! Seria uma loucura!
E também estavam desconfiados.
– Não confio neles – diziam. – De mais a mais, com aquele Leão
medonho! Tenham certeza de que ele vai usar as suas garras, vocês vão
ver!
Por outro lado, desconfiavam igualmente da tal proposta de um novo
país.
– Vai é levar a gente para um covil e devorar um por um!
E, quanto mais discutiam entre si, mais irritados e desconfiados
ficavam. No dia marcado, porém, mais da metade apareceu.
Num dos extremos da clareira, Aslam mandara espetar duas estacas,
mais altas do que um homem e afastadas cerca de um metro. Outra estaca
mais leve foi posta horizontalmente em cima das duas primeiras, reunindo–
as de modo que parecessem uma porta, que vinha não se sabe de onde e
dava não se sabe para onde. Em frente da porta postou–se Aslam, com
Pedro à direita e Caspian à esquerda. Em torno, reuniram–se Susana, Lúcia,
Trumpkin, Caça–trufas, doutor Cornelius, Ciclone, Ripchip e os outros. As
crianças e os anões tinham aproveitado bem o guarda–roupa do antigo
castelo de Miraz, que era agora de Caspian. Com sedas, brocados e linhos
alvos, armaduras de prata e espadas incrustadas de pedras preciosas, elmos
dourados e chapéus de plumas, ofereciam um espetáculo tão deslumbrante
que feria a vista. Até os animais traziam ao pescoço colares preciosos. Mas
ninguém reparava neles ou nas crianças. O ouro da juba de Aslam excedia
a tudo. Os outros antigos narnianos estavam de pé, de ambos os lados da
clareira; no outro extremo, os telmarinos. O sol brilhava intensamente, as
bandeiras ondulavam ao vento.