Page 402 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                                        ASLAM ABRE UMA PORTA NO AR






                         Ao ver Aslam, os soldados telmarinos ficaram lívidos, seus joelhos
                  começaram  a  bater,  e  muitos  caíram  de  cara  no  chão.  Nunca  tinham
                  acreditado  em  leões,  e  a  descrença  aumentava  ainda  mais  seu  terror.  Os
                  próprios  anões  vermelhos,  que  sabiam  que  vinha  como  amigo,  ficaram
                  boquiabertos  e  mudos.  Alguns  dos  anões  negros,  que  tinham  tomado  o
                  partido de Nikabrik, correram a esconder–se. Os animais falantes, porém,
                  reuniram–se  todos  à  volta  do  Leão.  Alegres,  rosnavam,  guinchavam,
                  relinchavam,  ora  acariciando  o  Leão,  roçando–se  nele,  farejando–o
                  delicadamente, ora andando de um lado para outro, por entre suas pernas.
                  Se  alguma  vez  você  já  viu  um  gatinho  fazendo  festas  a  um  cachorro
                  grande,  no  qual  confia,  poderá  imaginar  o  que  foi  aquilo.  Então  Pedro,
                  acompanhado de Caspian, abriu caminho por entre a bicharada.

                         – Permita que me apresente, Senhor! – disse Caspian, ajoelhando e
                  beijando a pata do Leão.

                         – Bem–vindo seja, príncipe – disse Aslam. Sente–se bastante forte
                  para reinar em Nárnia?

                         – Bem, não sei – respondeu Caspian. – Não passo de um garoto.
                         – Muito bem! – replicou Aslam. – Se dissesse que tinha a certeza,
                  seria prova de que não estava apto a reinar. Por isso, abaixo de mim e do
                  Grande Rei, será rei de Nárnia, Senhor de Cair Paravel e Imperador das
                  Ilhas Solitárias. Você e os seus descendentes, enquanto durar a sua raça. A
                  sua coroação... Mas o que vem a ser isso?

                         Nesse momento, um estranho cortejo aproximava–se: onze ratos, seis
                  dos quais transportavam alguma coisa numa liteira feita de ramos. Nunca
                  ninguém viu ratos mais tristes do que aqueles. Cobertos de lama (alguns
                  também de sangue), as orelhas e os bigodes caídos, arrastavam a cauda pela
                  relva. O que abria o cortejo tocava numa flauta uma melodia triste. O que
                  jazia na maça parecia um monte de pêlo úmido: era tudo o que restava de
                  Ripchip.  Respirava  ainda,  mas  estava  já  mais  morto  do  que  vivo,  muito
                  ferido,  com  uma  pata  esmagada;  e  onde  antigamente  era  a  cauda  havia
                  agora só um coto de rabo muito curtinho.

                         – É a sua vez, Lúcia! – disse Aslam.

                         Num abrir e fechar de olhos, Lúcia pegou seu frasco de diamante.
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