Page 398 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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acordados e riam ao som das flautas e timbales. De todos os lados
apareciam animais, mas não falantes.
– Que aconteceu, Aslam? – perguntou Lúcia, com os olhos a bailar e
os pés desejosos de fazer o mesmo.
– Vamos, minhas filhas – disse ele. – Hoje vão andar outra vez nas
minhas costas.
– Que bom! – gritou Lúcia.
E as duas meninas subiram para o dorso quente e fulvo, como tinham
feito sabe-se lá há quantos anos. Todo o grupo se pôs em movimento.
Aslam à frente, seguido de Baco e das mênades – que corriam e saltavam e
davam cambalhotas – , depois os animais cabriolando e finalmente Sileno,
montado no seu burro.
Cortaram à direita, lançaram-se por uma encosta a pique e foram sair
no Passo do Beruna. Da água emergiu uma cabeça coroada de juncos,
maior
que a de um homem e com a barba a pingar. Olhou para Aslam e
disse, numa voz grave:
– Salve, senhor! Liberte-me dos meus grilhões.
– Quem é? – perguntou Susana num murmúrio.
– Psiu! – disse Lúcia. – Deve ser o deus do rio.
– Baco, liberte-o das cadeias! – ordenou Aslam. “Deve estar falando
da ponte” – pensou Lúcia. E era, de fato. Baco e sua gente avançaram
chapinhando pela água pouco profunda; um instante depois, aconteciam as
coisas mais estranhas. Troncos grossos e fortes enrolavam-se pelos pilares
da ponte e, alastrando-se como o fogo, envolviam as pedras, separando-as,
fazendo-as estalar. As grades da ponte transformaram-se por um momento
em bonitas sebes de espinheiro branco. De repente, toda a construção
desabou com estrondo e foi engolida pelas águas. Entre nuvens de salpicos
e gritos de riso, parte do alegre grupo atravessou o rio a vau, enquanto
outros o atravessaram a nado ou a bailar, saltando para a outra margem.
Entraram todos na cidade.
– Viva! É outra vez o Passo do Beruna! – gritaram as meninas.
Ao vê-los, toda a gente da cidade desatou a correr.
A primeira casa que encontraram foi uma escola, uma escola de
meninas, onde uma porção de alunas de Nárnia, com o cabelo muito
esticado e golas muito apertadas e feias, e usando meias muito grossas,
assistia a uma aula de História.
A História que se aprendia em Nárnia durante o reinado de Miraz era